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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

E Outubro foi assim...


Em mês de Maratona, poucas coisas de positivo há a dizer do mês que passou. Sim, fui à Maratona, sim acabei-a, mas a factura ainda a estou a pagar. Ao longo dos 42 kms ganhei (agravei) uma inflamação no ligamento lateral externo do joelho esquerdo, lesão que quase me fez desistir da prova.
A "receita" foi um mês de baixa de qualquer actividade física que envolvesse esforço na perna. Nem natação pude fazer. Tentei compensar com um pouco de musculação, mas ir ao ginásio para fazer "ferro" não é mesmo para mim.
E com isto, já se viu o que aconteceu, certo? A balança voltou a acusar tudo e o peso corporal atingiu uns negativamente fantásticos 83 quilos. E pensar quem em Maio/Junho estava com 77... Mau demais para ser verdade. Mas uma lição, sem dúvida.

Bem... mas o que passou passou e agora é altura de olhar em frente. Já posso retomar os treinos (com calma) e até ao final do ano só quero recuperar o nível que já tive este ano. Sem provas, sem objectivos competitivos, nada disso. Treinar com calma, evoluir, melhorar. É esse o meu desejo para o final de 2014.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

O QUE FOI, O QUE ACABOU DE SER E O QUE PARA AI VEM ……




Quase 2 meses passaram desde o início desta nova temporada atlética. Vamos chamá-la de Ano Corredor 2014-2015.

Depois de um verão com duas semanas de férias e uma mão cheia de treinos para a Maratona Rock and Roll Lisboa, iniciámos as corridas com a Corrida do Tejo.

- Corrida do Tejo 2014

Quero acreditar que é apenas uma coincidência mas tanto as t-shirts técnicas da Corrida do Tejo como da Maratona de Lisboa, deste ano, eram “pintadas” a cor verde. Verde, verde florescente, verde urticaria ………….verdalhasco!

Aparte da cor. Tudo perfeito!
Fizemos (eu, o Eduardo e o Fernando) a ida para Algés em forma de corrida. Aproveitávamos assim, para fazer um treino de 20 Kms (ida para Algés, em forma de aquecimento, participação na corrida em forma de treino). Estava nublado mas calor, um abafado tropical nada “famoso” para estas “andanças”.

E foi ver uma onda verde “cor de alface” por aquela marginal a fora.
E foi ver vários amigos, no mesmo pelotão. Um cumprimentos à pressa e um “até já” prometido.

A vista era fabulosa!
É de facto uma prova elitista, não pelo facto de ter um certo tipo de corredores específicos, mas sim pelo facto de proporcionar um ambiente que normalmente só alguns “vivam” em provas de vagas muito limitadas.

Adiante, os km´s passaram a correr, como é óbvio!

Passamos o Macdonalds e usámos a última subida para “mirar” a meta.

Quando apanhamos alguém a querer parar no último Km da prova, somos uns gajos…………..Insuportáveis. E foi o que aconteceu à moça que ia parar, talvez por causa da respiração ofegante, talvez por causa da fadiga muscular, ou talvez por causa das duas situações.
Um empurrão voluntarioso e palavras de incentivo. Foram 10 minutos de puro sacrifício. Foi um “azar” termos passado na altura “errada”!
Sorte ou azar, correto ou errado, o que é certo é que lá acabou a prova e o “ai meu deus” transformou-se em “obrigado e abraços”. Valeu a pena o esforço!

O local de encontro é sempre o mesmo (para nós e para todos os outros).
Portanto a confusão era muita no Rabo da Baleia!
Mas era uma “confusão boa”!
O convívio estava a saber tão bem que me esqueci dos alongamentos!
Soube bem este passeio na linha de Oeiras!

E assim se passou mais uma semana. Faltava duas semanas para a Maratona de Lisboa!
Os dias iam passando.
Casa-trabalho………………trabalho-casa……………e alguns treinos à hora de almoço.

Mais um Domingo e mais uma corrida………..


- Corrida do Destak 2014

Trocamos de linha.
Deixámos os queques da linha e entrámos na capital das tias!

Desta vez, só com o Eduardo, fomos pôr o carro na meta e de lá voltámos a correr 10 kms até Carcavelos, rumo à partida portanto.

Tempo ameno, nem frio, nem calor, nem seco, nem abafado. Como se quer………….

Na partida, optámos por uma velocidade controlada. Dava para admirar as vistas. Quem á nossa frente andava e quem ao lado por nós passava. E mar tranquilo lá fazia o seu deslize na areia da praia!

A surpresa foi mesmo o final. A chuva apareceu de surpresa e foi um refrescante final. Encontrámos caras conhecidas, por baixo dos toldos das arcadas e das lojas.
Fomos pondo a conversa em dia até a chuva amainar.

E já faltava pouco para a maratona!

- Maratona Rock and Roll Lisboa 2014

………..e assim chegamos ao dia 5 de Outubro. Os cinco, mais o “Luzio Pepe Rápido”, tinham local e hora marcada: 8H30, Hipódromo de Cascais.

A logística foi montada com uma simplicidade de se orgulhar.

As 6h45 estava no Parque das Nações para ir buscar o Rui e o Fernando e mais o Luzio.

7h15, parámos em Massamá e trocámos o transporte. Até Cascais íamos com o Eduardo.

7h45 a chegada ao início da aventura.

O local foi bem escolhido. A volta que contornava o espaço do hipódromo servia o aquecimento. As bancadas serviram para os preparativos.
Mas no espaço ao lado, ai sim já se sentia o nervoso.
Tratava-se do espaço de entrada do hipódromo. Num dia normal serve de parque de estacionamento. Mas neste dia servia para variadas situações: ponto de encontro, local de aquecimento, urinol, bengaleiro, local de reza e spot fotográfico.

Os minutos passavam, o nervoso crescia!

8H30, o tiro de partida foi dado. A subida na partida serviu para demorar os desejos de boa prova e na captação do sinal do GPS no relógio.

Ambiente fantástico!

Acredito que 40% do pelotão provinha do estrangeiro. Uma lufada de “caras frescas”!
O itinerário era igual ao do ano passado excepto a volta de 3 Kms em Cascais que substituiu a passagem pelo centro de Oeiras. Pena mas, não podemos ter tudo!
De resto, a organização esteve irrepreensível, sobretudo em relação aos abastecimentos.
Até mesmo os criticados copos de isotónico foram ultrapassados, em nº pelas garrafas da mesma bebida.

Passagem aos 10 Kms na Parede. Ponto situação: Eduardo e Fernando iam lá á frente (parecia que o entusiasmo suplantava os receios decorrentes da primeira maratona!)

Eu e o Filipe (que foi ter connosco directamente à partida) e o Rui fazíamos o trio da retaguarda.

Encontrámos o Eduardo no “acto mijatorio” logo a seguir à Parede. O homem voltou a ganhar terreno e conseguiu alcançar o Fernando.

O Luzio Pepe Rápido, esse já devia ir lá bem longe!

Depois da passagem por Oeiras, procurávamos as caras conhecidas que nos tinham prometido presença algures no trajecto. Foi só, depois da etapa das bandeiras, logo antes do túnel da Cruz Quebrada, que ao virar uma esquina, fomos recebidos numa gritaria. Era o Zemi e a Família Rodrigues!
E que bem que soube! Neste tipo de provas é importantíssima esta força exterior!

A metade da maratona foi atingida em Algés.

Entretanto fui perdendo o Rui. A inflamação, no tendão do joelho esquerdo, estava a atacar em força. Pensei que pudesse ser algo passageiro. Mas só no final da prova é que o voltei a ver.

Entretanto o caminho até ao Cais do Sodré fio se fazendo. Com mais cansaço nas pernas, com os joelhos mais “moídos”. O chão da Ribeiras das Naus e da Baixa de Lisboa “gastou-me” o resto da minha paciência que ainda me sobrava.

E de novo a parede dos 35 Kms´ atacava. E novamente deixei-me ir abaixo. É possível que tivesse ultrapassado este obstáculo, se tivesse alguém a fazer companhia. Talvez sim. Talvez não. O que é certo é que depois do abastecimento do gel comecei a abrandar, cada vez mais devagar, cada vez mais derrotado. E parei. E voltei a correr, depois andei. Parei novamente e recomecei novamente.

Com este “corre, não corre” gastei mais de 30 minutos em 4 Km´s. Foi pena.
Não é algo que me tire o sono, mas novamente “tropeço” no mesmo Km. O 35!

Da mesma forma surgiu, da mesma desapareceu o cansaço, quando vislumbrei lá ao fundo o Parque das Nações. Voltei novamente com “ganas” de correr. Porque é que isto acontece? Será do percurso feio de Santa Apolónia ao Parque das Nações? Será do cansaço natural depois de 35 Km´s a correr? Ainda não percebi!

Já na avenida principal tudo parecia alegria!
Encontrei amigos, que já tinham acabado a maratona/meia maratona, a puxar por quem ainda estava acabar.

A meta já lá estava ao fundo, era hora de acabar o sacrifício atlético.

Admito que os minutos seguintes, depois da meta, foram feitos quase sem consciência.
Este ano, ou a saída da meta estava bem organizada ou o facto de ter levado mais tempo a percorrer os 42 Km´s, fez com que não tenha apanhado grande aglomerado à saída.
O que é certo é que passei a meta, tirei uma foto, deram-me uma medalha mais um saco com lembranças e mais um gelado e quando dei conta estava fora do recinto da meta.


Ainda fiquei sozinho, alguns minutos, no lago das bandeiras.
Estava cansado e rabugento e precisava de esticar os músculos.
Para me levantar é que foi complicado. Quando me dirigia para o autocarro-bengaleiro, encontrei o Eduardo e o Fernando. Fomos todos juntos para o lago dos vulcões. Era hora de pôr os pés e pernas de molho. Foi lá que me contaram que tinham acabado a prova sempre a correr e, como é óbvio, estavam contentes pelo feito. Eu também, claro!

Passamos os 20 minutos seguintes como autênticos septuagenários, na orla da praia a molhar os pés na água fria e salgada. E soube muito bem!

Alguns minutos depois, chegou o Rui. A coxear e cansado, com mais uma maratona no bolso. Esta tinha sido “arrancada a ferros”!

O convívio demorou-se mais um bocado.
O tema de conversa foi sempre a maratona e as experiências sentidas.
Sempre com os pés de molho claro!

Também soube bem o irmão do Eduardo, nos ter ido lá buscar. Se há coisa, que não temos vontade, depois de uma maratona, é guiar um carro.

Soube também, que tinha corrido tudo bem com o Filipe. Naquela hora já ia a caminho de casa.


O resto do dia era de cada um.
Cada um à sua maneira iria descansar e recuperar do “passeio” desse dia.


- E agora algo completamente diferente!

Agora que já passaram duas semanas da Maratona de Lisboa, já me sinto recuperado.

Voltei a fazer os treinos de distancia mínima (5 – 15 Kms),
O que foi já lá vai!
Não me vou esquecer do Km 35.

Daqui a duas semanas vou apanhar um autocarro para o Porto.

Pois é, este ano ainda vou voltar aos 42 Kms.
Lá em cima.
Muito já me têm dito sobre a prova.
Coisas boas!
Vai ser fazer turismo em corrida!

Se vai correr tudo bem?
Claro que vai!
Eu depois conto.





sábado, 18 de outubro de 2014

Weird Run

Há Color Run, a BES Run, a Não-sei-quê Run, e depois há a Weird Run. Essa foi hoje!

Hoje fui correr novamente na perspectiva de continuar a minha recuperação e sem grandes metas pensei em duas hipóteses: aumentar o tempo e/ou distância de corrida em relação ao último treino (de 5 Kms) para ver até quando me sentia confortável, ou então experimentar subidas/descidas/aumento de velocidade. Como já fui tarde, decidi-me pela segunda opção.


A coisa até começou calmamente, mas rapidamente tudo se transformou. Tinha lanchado 30 mins antes, e... já estão a ver, né? Foi um reviver da minha estreia na maratona...
Nos primeiros minutos tive logo vontade de "ir ao gregório" umas três vezes. Controlei-me e mantive a corrida, mas tal como há um ano atrás, o ritmo ia baixando com o tempo.
Mas como sou um bocadinho teimoso, decidi que ia manter o meu plano e lá fui eu subir até ao ponto mais alto da Quinta das Conchas. Grande ERRO! Mas... não vomitei!! Olhando para trás, acho que esse é que foi o meu erro. Devia ter regado uma árvore qualquer com os meus fluídos corporais que tanto me incomodavam...

Pausa para visualização da cena por parte do leitor.

Passados 3 Kms, desisti de voltar a subir e a descer, até porque não queria abusar e o objetivo era apenas testar o meu pé. Passei a "rolar" apenas durante um pouco e quando me senti melhor arrisquei a segunda parte do plano: velocidade.

Só usar o termo "velocidade" faz-me rir, tendo em conta o que fiz, mas segundo o Garmin ainda deu para chegar aos 4 mins/km. Não foi mau e era o teste que eu queria fazer.

Cheguei aos 5 Kms e senti-me com vontade/capacidade para continuar, mas achei que para meia-hora já tinha tido demasiada aventura.

Conclusão: Foi esquisito, mas consegui testar o que queria. O resultado foi ter uma "moínha" no tornozelo, que apareceu apenas depois do banho. Não gostei. Veremos no que dá...

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Maratona, tão longe e ainda tão perto

É errado dizer que uma maratona, seja ela qual for, se resume aos 42,195 quilómetros do percurso. A prova não começa no tiro de partida nem acaba quando se cruza a meta. Nada disso. Aliás, muito longe disso.
A preparação para esta Maratona de Lisboa 2014 começou há cerca de um ano, dias depois de terminar a minha primeira aventura na distância, na edição de estreia da prova. Se da primeira vez tudo tinha sido novo e desconhecido, começava a fazer planos para esta segunda viagem, como se uma primeira experiência fosse o garante de sucesso. Como estava enganado.
O dia 5 de outubro pairava na minha mente há vários meses. A agenda de treinos estava feita, o equipamento também estava escolhido há muito. Tinha tudo preparado para evitar dissabores no dia da prova. Os erros que havia a cometer tinham sido feitos há um ano, na estreia na prova. Agora era altura de elevar a fasquia. O objetivo já não era apenas chegar ao fim, agora queria algo mais. 

O "gangue" da Maratona, segundos antes do tiro de partida
 Quando caminhava no meio da multidão que se dirigia para a linha de partida em Cascais, a mais de 40 quilómetros do Parque das Nações, em Lisboa, pensava em tudo o que tinha de fazer. Começar com calma, estabelecer um ritmo confortável, poupar as pernas e as forças. Hidratar-me bem, alimentar-me ainda melhor e garantir que chegaria ao último terço da prova ainda em condições de disputar o meu objetivo principal – logo a seguir ao de terminar a prova, claro –, bater o meu recorde pessoal na distância, de 4h22m.
A vantagem de uma Maratona é o tempo que se dispõe para tudo. Não há pressas. Não existe o “stress” das provas de 10 quilómetros – ou até das meias-maratonas – em que todos tentam arrancar o mais depressa possível para começar de imediato a ganhar segundos. Aqui não. Os primeiros quilómetros, feitos ainda em Cascais, foram percorridos com calma e tranquilidade. Entre os mais de três mil participantes não era difícil encontrar amigos de aventura. Cumprimentos, votos de boa sorte, abraços entre passadas, sorrisos. Existe de tudo ali. Não é uma corrida. É uma aventura partilhada.
Foi com esse espírito que fiz a primeira dezena de quilómetros, uma distância tranquila e normal, com o cansaço ainda longe. Havia, porém, algo que começava a ocupar-me o pensamento. Uma dor, que já deixara de ser ligeira, no joelho esquerdo. Não era novidade. Já tinha marcado presença num ou outro treino para esta Maratona, mas havia sempre a esperança que ela metesse folga neste dia da Implantação da República Portuguesa. Não meteu. E a partir da marca dos 10 quilómetros passou a ser a minha companheira que quase me levou à perdição.
Quando cheguei à marca de meia-maratona, tinha já a certeza que o único objetivo que podia ter em mente era o de chegar à meta. Sim, matematicamente ainda era possível fazer melhor que a marca de 2013. Bastava fazer uma segunda meia-maratona igual à primeira – 2h09m - e estava “ganho”. Mas isso já era um sonho impossível. As dores já não eram apenas companheiras de corrida, mas sim quem determinava o meu ritmo. Os amigos que trouxera comigo nesta aventura já estavam todos bem mais à frente, pois nisto das corridas, como na vida, amigo não empata amigo. Restava-me fazer os mais de 20 quilómetros que faltavam numa luta intensa comigo mesmo. Ao quilómetro 24 assumi a primeira derrota quando parei de correr e comecei a caminhar. Toda a preparação dos treinos, da logística para uma prova deste género, tinham ido pelo cano e era altura de mudar a tática.
Eu e o Gregor, da Alemanha
Se as dores eram fortes quando corria, maior intensidade ganharam quando caminhei. Solução... voltar a correr. E assim fiz. A meta passava a ser aquela ponte ali à frente, aquele posto de abastecimento, aquele semáforo. A maratona passou a ter muitas metas, e os 20 quilómetros que faltavam seria feitos por fases. Uma, porém, seria muito difícil, quase impossível de ultrapassar. À passagem pelo Cais do Sodré encontrava no percurso a primeira estação de Metro e o caminho mais rápido para a meta estava ali. Olhei para a entrada, já com uma garrafa de água na mão para o caminho, e pensei. E voltei a pensar. E enquanto pensava na rendição sinto um toque nas costas e oiço um incentivo em inglês. “Come on. Don't stop.” - “Vamos. Não pares.” Não era um amigo ou uma cara conhecida, era apenas um outro corredor a sofrer o mesmo que eu estava a sofrer, que adivinhara exatamente o que eu estava a pensar.
Aproveitando a boleia, olhei em frente e voltei a fazer-me à estrada ao lado daquele alemão, já muito mais experiente que eu nestas andanças das maratonas. Estava de visita a Lisboa de propósito para esta prova que, por sinal, estava a correr-lhe muito mal. A preocupação dele já era só uma, chegar à meta a tempo de voltar ao hotel, tomar banho, fazer as malas e estar no aeroporto a horas de apanhar o avião de regresso a casa. Tudo o resto era secundário. Ele só queria conseguir isso. E no meio de tanto esforço e tantas dores, a conversa ajudou-nos. A mim, pelo menos, ajudou. Gostei de ver o seu espírito positivo. A parte desportiva não estava a correr pelo melhor, mas “isto é lindo”, dizia ele, enquanto atravessávamos, ora a correr, ora a caminhar, algumas das ruas mais históricas de Lisboa, locais pelos quais passo tantas vezes que já nem reparo na beleza que tenho à porta de casa. E como ele estava certo. Fazer o que nós estávamos a fazer numa das cidades mais belas do mundo era, apenas e só, um privilégio e devia ser aproveitado ao máximo.
E com isto tínhamos já chegado ao km 32. Faltava apenas uma dezena de quilómetros e já tinha decidido que, desse por onde desse, ia terminar a prova. O meu (novo) amigo alemão, afinal ainda em pior estado que eu, acabaria por ficar para trás à saída do Terreiro do Paço, deixando-me novamente sozinho na minha luta. As dores na perna esquerda continuavam, mas não me iam impedir de concretizar o único objetivo possível. As várias metas voltaram ao horizontes. “Só até ali à frente. Só até ali à frente.” Disse para mim várias vezes e assim ia percorrendo quilómetro atrás de quilómetro. E o Parque das Nações estava já ao alcance do olhar. O caminho para a meta fez-se já num ambiente de festa. Quem já tinha acabado a prova – e eram tantos – ficavam por ali a apoiar quem ainda corria, talvez na esperança de darem um incentivo a alguma cara amiga, ou então apenas porque sim, porque minutos antes alguém o tinha feito por eles. O portal da meta estava mesmo ali à frente e para chegar lá bastava colocar um pé à frente do outro. Tudo o resto era secundário. O tempo que iria fazer – foi de 4h55m, já agora – deixara há muito de ser importante.
A meta cruzou-se, a medalha já está em casa, mas a Maratona de Lisboa deste ano ainda não acabou. Se calhar nunca vai acabar. E não, não estou a falar das dores na perna esquerda que ainda vou sentindo. Estou a falar da experiência, da aprendizagem, do sofrimento. Tudo isso faz parte de uma aventura como esta. Nunca vou esquecer esta minha segunda maratona, tal como nunca vou esquecer a primeira. Mas, neste momento, já estou a pensar na próxima. A minha próxima maratona já começou. Só não sei é quando é o tiro de partida.

domingo, 12 de outubro de 2014

A saga continua!

Sai mais um treino treininho de recuperação...

Cá em casa só duas coisas estão magoadas agora: o meu ego e a minha balança!


Podia ter continuado, mas não quis abusar. Nem quis ficar ainda mais com os bofes de fora!
Fiquei-me apenas pelo sentimento de felicidade por não ter tido qualquer indício de dor. :)

Me aguardem...

PS: Futebol? Agora só com o puto... e até ele chegar aos juniores do Benfica e ser despachado para um clube estrangeiro qualquer...

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A Maratona... aí está ela!

Estamos a pouco mais de 24 horas da Maratona e o nervoso miudinho já se começa a instalar. É um misto enorme de sensações. Ansiedade pelo tiro de partida, esperança pelos objectivos a cumprir e a alcançar, medo por tudo o que possa acontecer.
Quando me estreei na Maratona, há um ano, tudo o que incluísse chegar ao fim seria uma vitória. Parar, não parar, fazer um tempo melhor ou pior, eram objectivos secundários. Acabei a prova sem parar em 4h22m25s e fiquei feliz da vida. Mas para esta segunda viagem já penso de forma diferente.
Acabar é, claro, o grande objectivo. Esse é o principal e o único absolutamente indespensável. Mas tenho outros. Fazer toda a prova a correr é o segundo e o terceiro é melhorar o meu tempo. O último é quase uma loucura, ou seja... baixar das 4 horas. Este é praticamente impossível, até porque nos treinos que fiz nunca tive média a esse nível e foram treinos com um máximo de 34 kms.
De resto a experiência vai-nos ensinando alguns truques. A maior parte das coisas que repeti em 2013 vou mantê-las no próximo domingo. Roupa leve, mas de qualidade, corpo bem "besuntado" para evitar assaduras, abastecimentos sólidos vão comigo que nunca se sabe se vai haver falhas na organização, principalmente no último terço da prova, em que nos misturamos com o pessoal da Meia-Maratona. No que vou mudar é no calçado. Em 2013 fui com os Asics Cummulus 14, uns ténis fantásticos, mas que são exactamente o meu número. Ou seja, ao fim de 30 kms, com o calor, suor, inchaço dos pés, já os tinha numa lástima, com bolhas e unhas em sangue. Este ano vou correr com os Adidas Supernova Glide 6, dois números acima do que uso habitualmente e espaço de sobra para os dedos. Nos treinos que tenho feito com eles o resultado tem sido bom, nada de bolhas ou unhas em sangue. Se tudo correr bem está eliminado o meu principal factor de sofrimento em 2013.
Mas há outro. No último treino longo que fiz, no final de Agosto, fiquei com uma dor no joelho que não mais me largou. Não é nada de impeditivo de correr - tenho treinado na mesma, embora com algum cuidado para não piorar a coisa - e a dor lá vai aparecendo de vez em quando. Já me mentalizei que terei de fazer boa parte da Maratona com essa dor presente. Veremos quando aparece e até que ponto me influencia.
De resto só quero voltar a divertir-me como no ano passado. Que tudo corra na perfeição, não só comigo, mas também com o resto da malta, o Pedro T, aqui do Team, e ainda outros amigos destas andanças, Filipe, Fernando e Eduardo, estes dois estreantes nestas andanças. Que todos cheguemos ao fim em perfeitas condições. 

Ao resto da malta que vai correr este domingo, em Cascais ou na Ponte, é também isso que vos desejo. Que corra tudo bem e que se divirtam. E pensem numa coisa. Correr é só por um pé à frente do outro. O resto é treta!



PS: Uma palavra especial para o Ricardo e o Zémi que andam a ver isto tudo do lado de fora já há uns bons meses. Era suposto que pelo menos um deles estivesse em Cascais neste domingo, mas não deu. Para o anos lá vos esperamos, com mais força que nunca. Abraço