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quinta-feira, 20 de novembro de 2014


UMA MARATONA NO NORTE – MARATONA DO PORTO 2014

Depois da participação na Maratona de Lisboa em Outubro, uma nova “aventura” surgiu com o início de Novembro.

Na véspera, pelo início da manhã 4 autocarros estacionados no Campo Grande eram preenchidos por atletas. O destino era a cidade do Porto, O objectivo, a maratona.

A viagem foi uma relaxada deslocação com paragem na estação de serviço do Pombal.
Das conversas iniciadas sobre a corrida, família e política, passou-se para frases soltas e acenos de cabeça circunstanciais.
Começaram a surgir os primeiros phones nos ouvidos e tablets luminosos.

Nesta viagem aproveitei a companhia do Pedro R do Clube de Corrida. Fizemos uma planificação da deslocação e acomodação.
Através da internet apercebemo-nos que havia alguém a organizar uma deslocação colectiva ao Porto. Com a agregação de várias pessoas conseguia-se, talvez, um preço simpático para a viagem de ida e volta ao Porto. Nunca pensámos que sairia tão barato (12€50) e que seriam 4 autocarros. O problema da deslocação estava resolvido.

Ao longo da viagem fomos afinando os pormenores quanto ao levantamento dos dorsais, estadia e refeições.
Quase tudo foi conseguido excepto a questão dos duches pós corrida.

Por volta das 13H00, chegámos ao Porto, via ponte do Freixo.
A zona ribeirinha apresentava-se tranquila, um sol acolhedor fazia-se sentir e aqui e ali, turistas de mapa na mão admiravam o rio.

O local de estacionamento era excelente. À beira rio, mesmo ao lado da antiga alfândega do Porto e a 5 minutos da praça de táxis. Mesmo como convinha.

No entanto 4 autocarros ao mesmo tempo, traz sempre algum “congestionamento humano” e foi isso que explicou a demora no levantamento dos dorsais.
O edifício antigo, em pedra, mas remodelado, albergava todo os “serviços” da organização. Foi aqui que levantámos os dorsais e os activámos no sistema, recebemos todo o merchadising da corrida (mochila, tshirt, brindes dos patrocinadores, fotos instantâneas e panfletos promocionais das próximas maratonas e mapa turístico da cidade).

Chegámos a todo o lado e só não fomos ao almoço de pasta oferecido pela organização porque tínhamos uma refeição típica á espera.
Demorámos quase 1h nesta “busca” pelos dorsais e afins. A fome já apertava.
Mas de táxi foi um pulo até ao Campo Alegre e ao Capa Negra. E ai, meus amigos, demos cabo de umas francesinhas. Que categoria!

Com a gula saciada e o físico retemperado, iniciámos a 2ª parte do plano. “Assentar tenda”!
O plano era simples: íamos até à Rotunda da Boavista, apanhar o metro de superfície na casa da música até ao Bulhão, na Rua Santa Catarina e fazer o check in na residencial.

Correu tudo na perfeição excepto as máquinas dos bilhetes. Não aceitaram cartões multibanco.

Na rua muitos atletas com camisolas técnicas faziam o seu passeio vespertino.

A residencial tinha tanto de castiço como de acolhedor. Ficámos na “penthouse” e a quantidade de escadas e a inclinação das mesmas faziam doer a vista. A meio fazia-se o check in. Pelo sim, pelo não, também estava uma cadeirão, não vá as pernas fraquejarem.

Num pensamento rápido vislumbre-me no dia seguinte, quando viesse buscar as malas. Estas escadas iriam fazer miséria.
O chão de madeira “rabujava” sob o nosso peso. Era um prédio antigo.

Má noticia, o late check out e o merecido banho, depois da prova, só podia ser garantido até às 14h. Bom, teríamos que utilizar os duches da organização.

Com o check in feito e as malas arrumadas, fomos dar uma olhadela aos arredores e procurar sítio para jantar.

Ficámos numa zona simpática.
Central, perto de uma zona comercial movimentada (incluindo uma via fechada ao transito cheia de lojas e inclusive um centro comercial).

Com o início do crepúsculo, a temperatura foi descendo e serviu de desculpa para não termos ido à zona ribeirinha, aos clérigos e aos aliados.
Por sorte o centro comercial era grande. Deu para fazer a compra da fruta para amanhã e “despachar” um prato de massa, sempre útil para uma véspera de maratona.

Foi já nos preparativos para a corrida do dia seguinte, que o Pedro R. se apercebeu que tinha-se esquecido das meias de corrida. A única loja que encontrou aberta foi dos chineses e as meias, bem as meias ……não eram propícias para a prática desportiva! Aqueles pés iriam sofrer bastante amanhã!

Seria uma noite descansada. Calma e tranquila. Mas a excitação pela participação na prova, um travesseiro diferente e um gato com insónias tornaram a noite mais longa do que se previa. Mas não tardou a aparecer as primeiras luzes da manhã.

A meio do pequeno almoço apercebi-me que a divisão estava cheia. A residencial estava cheia de participantes da maratona. Parecia uma armada francófona!

7H15. Ponto de situação:
Indumentaria vestida, pequeno almoço tomado, fluxo intestinal regularizado. Próximo passo: ir para o frio e procurar um táxi. Ambas as coisas estavam “à mão de semear”. E assim foi no frio da manhã, que de táxi chegámos ao início da prova.

Tínhamos os Jardins do Palácio de Cristal como vizinhos. Os participantes eram uma multidão em constante movimento. Todos se preparavam para as 8H30. Os últimos xi-xi´s eram acompanhados por chá e café oferecidos pela organização.

Pusemos a nossa “bagagem” no autocarro da organização, fizemos o ultima aquecimento e entrámos no pelotão faseado existente para a ocasião. Colocamo-nos no grupo mais lento do pelotão. Não havia pressa (nem pernas) para velocidades maiores!

Mesmo antes do tiro de partida foi tirada a divisão que separava os últimos da maratona com os primeiros participantes dos 16 km´s (Family Race). Ponto negativo para a organização que até este momento estava impecável. Gerou-se alguma confusão. Fomos assim com acompanhamento extra logo no primeiro quilómetro.

Tinha combinado com o Pedro R. que cada um ia no seu andamento. Na chegada iríamos encontrarmo-nos na carrinha das bagagens ou se tivesse a chover nas instalações dos duches. E assim, logo nos primeiros quilómetros, abordei a contenda sozinho.

Os primeiros quilómetros iriam me levar até Matosinhos e ao Porto de Leixões. Algumas pessoas na rua puxavam por nós.

Depois da subida do início da prova chegámos à rotunda da Boavista e seguimos para o estádio do Bessa, zona residencial dos xadrezistas. Voltámos a avenida da Boavista e dai até ao Castelo do Queijo, passando pela entrada do Parque da Cidade (que seria o final da maratona).

É um luxo desta cidade: O rio e o mar, como vizinhos de “porta ao lado”. Foi assim que vislumbrei o mar entre a surpresa e a satisfação. Felizmente, o vento era fraco. E foi em velocidade moderada e prevista ( 6 minutos por Km), que dei de caras com as gentes de Matosinhos e as suas rotundas espaçosas.

O sol não aparecia e cada vez mais nuvens surgiam no horizonte.

A saída de Matosinhos coincide com a descida dissimulada para a foz. Achei a zona fantástica. Um jardim acompanhou-nos até a foz com uma vista fantástica e uma calma que parecia Domingo. Espetacular! Ao longo do jardim existia uma ciclovia para os turistas mais desportistas. Hei-de voltar a este lugar. De qualquer forma voltaria a visualizar tal local, na volta da maratona.

Circundei a costa “tripeira” e entrei na margem do rio Douro. O rio seria a minha companhia nos próximos 20 Km´s.

O itinerário de corrida foi extendido nos km´s seguintes e os atletas começaram a rarear. Passei por edifícios antigos, casas ao abandono e outras cheias de vida. Em frente, o azul do rio cruzava-se com o cinzento do asfalto. Era a parte (da maratona) mais solitária. Deu para pensar em muitas coisas inclusivamente, no que seria o almoço logo após o final da maratona!

Um pouco antes da metade da maratona, atinjo o primeiro abastecimento de sólidos. Até a esta altura não tinha falhado qualquer abastecimento de água. A temperatura era amena e o sol continuava coberto pelas nuvens.

Não necessitava, mas como estava curioso, servi-me das esponjas molhadas. Sim, dão jeito e diria um jeitaço em dias de calor. E dá um ar mais profissional a quem de fora nos vê a passar!

A isotónica era em copo, o que deixou-me algo enrascado por causa do solavanco da corrida. Fecharia o abastecimento com meia banana. Estava seguro até ao próximo abastecimento, até porque levava no bolso uns figos secos para desenrascar qualquer fome inesperada.

A passagem na ribeira foi a loucura. Entre os turistas e locais a aplaudir, as varinas davam palmadas nas costas de meter respeito! Logo a seguir utilizamos a lindíssima Ponte D Luís para passar para o lado de Gaia.

Já ia de olho nesse itinerário, quando fazia a margem norte do rio.
Até ao abastecimento dos 25 Km´s foi passar de esplanada em esplanada, sob olhares atónitos dos clientes. Bom local para o namorico….pensei eu. No verão à noite, deve ser fantástico estar por aqui, com as luzes do Porto a “pintar” as águas do rio.

O 25º Km foi atingido.
Continuamos na margem sul do rio. Passei pela Afurada e cheguei ao Cabedelo. Era hora de voltar!

Por esta altura os joelhos já gemiam de tanto passo dado. No resto, a máquina rolava sem solavancos.

No abastecimento dos 30 Km´s, ainda em solo Gaiense, servi-me de uma garrafa de isotónica e marmelada. Nunca cheguei a ver pacotes de gel (em toda a prova). Não cheguei a perceber se tinha chegado tarde ou se eles (os pacotes de gel) alguma vez foram disponibilizados.

Deixei a questão de lado, quando voltei a ver novamente a Ponte D Luís. A margem norte estava de volta. Seria o regresso à procedência.

Agora sim, iria ser a doer. Por causa dos quilómetros já percorridos, pelos quilómetros que ainda faltavam percorrer e pela solidão que seria os próximos quilómetros.

Por ser o caminho de volta, inconscientemente, tentei aumentar a velocidade, de forma a chegar mais depressa à meta. Mas ainda faltavam muitos quilómetros.

35º Km, o abastecimento do “vai ou racha”. Entre a fruta, as águas e isotónicas e as esponjas, havia aqueles que se sentavam, outros que se deitavam, os que gemiam e outras que cantavam.
Entre a lucidez e a loucura, todos partilhavam as agruras da corrida.
Numa tenda de campanha da Cruz Vermelha alguém protestava. Isto é uma guerra!

Voltei a estrada, voltei à batalha.

Cada vez mais lento, tendo havido alturas em que a corrida e a marcha se confundiram, passei novamente pela foz do Douro, o jardim que antes me tinha parecido um paraíso. Agora, e com toda a minha fúria, queria deixa-los pelas costas.

Queria os 42 Kms, queria a meta, queria acabar!

A capacidade cardíaca estava funcional, mas os joelhos……..era um suplício.

No abastecimento dos 40 Kms, fui buscar uma garrafa de água, só para me entreter e me esquecer das dores.

Mas quando levei a garrafa à boca e olhei o horizonte, com Matosinhos lá no fundo, encontrei um céu negro, da mesma cor do asfalto que pisava.

Vinha lá tempestade!
E veio rápido demais, sem aviso e sem misericórdia!

2 Km´s feitos entre relâmpagos e trovões, chuva e vento.

Não merecíamos!

A meta, mais que o final da prova, era “porto de abrigo”.

Com o relógio a apontar as 4h30, cheguei, acenei, parei e refugiei-me por debaixo do toldo das imperiais. A chuva era tanta que fazia subir o nível do copo de cerveja. Já não era cerveja, era água com cevada!

                                           (Com a historia da chuva só me lembrei de desligar o relogio já la iam 4H48!)

Queria sentar-me, queria tirar a roupa molhada, queria um banho quente, queria comer, queria…………………

O raciocínio prático surgiu logo a seguir a ter deitado a cerveja fora.
Num pulo, fui buscar o meu saco de pertences ao autocarro da organização. E de seguida procurei abrigo. Encontrei um lugar livre, entre 2 prédios, mesmo ali ao pé.

A chuva era tanta que não me aventurei a percorrer a distância que separava dos duches.
E com isso, não consegui encontrar-me com o Pedro R.

Era altura de fazer ponto de situação e elaborar um plano de contingência.
A chuva e o facto de o autocarro de regresso partir as 17H, fez-me abdicar do duche.  Não era tão relevante, afinal foi tal a molha que tinha apanhado, que na verdade, só faltou o shampoo.
A muda de roupa estava garantida e ainda bem que tinha uma toalha no saco. Foi assim que me sequei e mudei de roupa ao pé de tantos outros.

O telemóvel, a carteira e tudo o resto tinha ficado na residencial.
Como iria resolver esta situação? Sentei-me a descansar e a comer uma barra energética. Perdia o meu olhar na garrafa de vinho do porto oferecida a todos os finishers da maratona.

Lembrei-me das moedas que tinham-me sobrado do táxi da manhã. Estes trocos tinham de dar para chegar ao bulhão.
Sabia de antemão que o metro de superfície não chegava ao jardim da cidade, onde me encontrava.
Estava na hora de me desenrascar. Aquela hora já não havia autocarros providenciados pela organização, directos ao centro da cidade.

Foi com esperança que vi um autocarro parado numa paragem. E foi lá que eu iniciei o regresso. Os trocos deram para ir até a estação de metro mais próxima (Sete Bicas).De lá fui directo à estação do bulhão. Estava a chegar ao destino.

Começou novamente a chover. Felizmente a residencial era já ali.

Como imaginei na véspera, subir a escadaria da residencial não foi fácil. E quando cheguei ao tal cadeirão, para um descanso merecido, encontrei-o ocupado por um gato gordo, tresmalhado e sonolento. Então este tinha sido um dos causadores da minha noite intermitente! Em forma de vingança dei-lhe uma sapatada e destronei-o do trono. Estávamos quites.

Felizmente consegui contactar o meu colega de viagem, que entretanto já me tinha tentado contactar. Tinha tido mais sorte que eu. Como tinha acabado mais cedo, tinha conseguido fugir a chuva e tomado um duche quente.

O tempo apertava e sabendo que a viagem de metro entre o bulhão e a casa da música era directo e rápido, ainda fomos ao centro comercial almoçar. Coisa ligeira! É que ainda tínhamos um longo caminho de regresso até Lisboa.

Até à próxima cidade do Porto!









segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Correr em Odivelas, “correr em casa”


Neste Domingo participei na 3ªedição da Corrida D.Dinis em Odivelas. Foi como “correr em casa” J. O percurso da prova passava à “porta de casa” e contei desta vez com dois espectadores especiais, a minha esposa e o meu filho J.

O percurso da prova era cheio de “altos e baixos”, havia umas quantas subidas e umas quantas descidas. Na minha perspectiva, trata-se de um percurso variado, exigente e interessante para uma prova.

A partida foi junto ao pavilhão Multiusos. Os primeiros 3 kms consistiram em “voltas” pela urbanização colinas do cruzeiro, sendo que o 3ºkm coincidia com a zona da partida e depois o pessoal encaminhava-se para a parte mais antiga e para o centro de Odivelas. Percorri os 3 primeiros kms em aproximadamente 14:20.

Os kms seguintes foram relativamente tranquilos com uma “mini-subida” depois do 4ºkm, sendo que passei a placa do 5ºkm com 24:03. Há algum tempo que não fazia 5 kms em perto de 24m. Neste momento percebi que era concretizável fazer um tempo na prova abaixo dos 50m.

O km seguinte foi em piso plano e deu para perceber que teria hipóteses de fazer a melhor marca pessoal dos 10 kms, uma vez que o relógio marcava 28:40 aos 6kms. Para o alcançar sabia que não poderia abrandar ou facilitar, mas ainda iriam aparecer a subida junto à estação de metro e a subida dura da Av. Abreu Lopes.

Procurei manter o ritmo e passei os 8kms (junto ao metro) em aproximadamente 38:30, imediatamente antes das difíceis subidas que o km 9 reservava para os participantes. Com hipóteses de fazer um bom resultado, dei o meu melhor e “corri atrás do record pessoal”.

Passei a placa do km 9 com 44:00 de prova. Nos treinos que faço por Odivelas não incluo o trajeto deste km, mas foi sem dúvida a vez que corri ali mais depressa de todas as vezes que passei por aquele trajeto.

Último km a dar o máximo e tempo na meta (junto ao pavilhão multiusos) de 48:20. Melhor marca pessoal dos 10 kms.


Foi uma bela prova J.

Para mim os resultados são apenas indicadores, não corro para ganhar a ninguém, não participo nas corridas com o objectivo de bater records, corro pelo desafio pessoal que cada prova proporciona, participo pela experiência que cada prova proporciona e isso ajuda-me a me conhecer melhor.

Aproveito para mandar um grande abraço aos colegas do Team J.


Boas corridas para todos! Divirtam-se!

domingo, 16 de novembro de 2014

Treino em Mons Sanctus - Trail Agridoce


 
Há dias em que o caminho que nos surge à frente nos parece turvo atrás de uma cortina que nos faz arder as pupilas dos olhos. Há dias em que toda a esperança pode explodir dentro de nós.

(Constelação de Caranguejo... não estão a perceber pois não? é assim mesmo)
 
Esta semana tive um dia em que as estrelas choraram e as ao mesmo tempo  que a esperança me enchia a alma. Acreditam na migração das almas? Confesso que sou muito céptico mas gostava que assim fosse.
(Já vos disse que adoro trilhos?)
 
Foi com este misto de emoções, sem saber muito bem o que sentir, um pouco conformado, aceitando que a vida é assim, estupida, que no fim de semana resolvi ir correr para Monsanto, curiosamente o nome continua no âmbito do sagrado e da introspecção.

Mons Sanctus!  Ainda estão para descobrir o santuário que lá haveria. Ou será que o monte todo era um santuário?
 

Cheguei numa manhã coberta por uma manta de humidades ao parque do Calhau, determinado a esticar para os 40 minutos de corrida consecutiva o meu record pós lesão púbica.
Comecei por dar umas voltinhas à volta do parque de merendas.
(adoro trilhos)
 
Depois passeei pela minha alameda preferida de cedros. Ir e vir até ao Aqueduto das águas Livres, por entre poças que me "obrigaram" a sair daquele estradão e para a "selva".

 E com alguns kms feitos resolvi experimentar outras paragens, talvez por vicio próprio, talvez por efeito dos medronhos.
 
(quase prontos a comer/colher)

Mas aquela atmosfera húmida, o verde, os cânticos dos melros, os trilhos por entre as árvores, fazem-me novamente sonhar com os trails... E acabei por fazer algumas asneiras por ir por trilhos. Não tanto quando me meti por eles adentro, mas quando sai deles por uma rampa a testar os adutores.

 
Voltei às voltas calmas do parque de merendas. A velocidade não foi grande coisa, acima dos 6 ao km, mas o objectivo também não era esse. Era o aguentar os 40 minutos e consegui-o.

Mas os sobes e desces fizeram as suas mossas nos abdominais. E no final, aproveitei a existência de um circuito de manutenção para fazer pranchas, agachamentos, splits e alongamentos. Muitos alongamentos... 
 
Da próxima vez vou ter de fazer com mais calma, ou menos tempo. Só quero chegar à hora de corrida lá para as Sãos Silvestres.
(Eu quero ir por ali correr... perninhas deixem por favor)

De resto, adorei as vistas, os sons de mil pássaros diferentes que habitam o parque, as cores e a calma. Porque precisava mesmo disso. De calma e do bichinho dos trails a atacar de novo, de facto tenho de confirmar sou um apaixonado por esta experiencia.
Estou desejoso de voltar!!!
 
 

 






terça-feira, 11 de novembro de 2014

Treino de São Martinho - Correr na praia


 
 
Os primeiros sinais do outono já se tinham instalado, o calor confortável do estio tinha partido, sem dizer adeus e já não tinha esperança que ele voltasse. Os céus já tinham chorado pelas primeiras vezes e a terra húmida já me trazia aquele cheiro nostálgico que me lembra sempre de alguém e/ou me dá saudades de um tempo muito distante que não chegou a ser.
No chão, os primeiros rebentos verdes cresciam rasgando por entre as fendas a crosta castanha ressequida e dançavam por entre folhas desesperançadas até aos nossos pés. Noutros blogs de corrida pessoas escreviam textos de propósito para me fazer inveja com provas na montanha. Era Outono!
 
Assim, aproveitando um teórico verão de São Martinho dirigi-me à Costa da Caparica para passar um tempo relaxado na Praia do Rei. As dunas apresentavam-se com uns penteados com novas nuances de verde e a natação e o ginásio durante a semana tinham-me enchido o corpo e mente com saudades do prazer da corrida. Trouxe uns ténis velhos de corrida e, se estivesse maré vazia, iria correr.
Estava maré vazia…
 
Calcei os meus velhinhos adidas questar, que me conhecem tão bem e em quem eu confio para me guiarem e dirigi-me para onde “as ondas quebravam uma a uma, eu estava só com a areia e com a espuma, do mar que cantava só para mim.”
 
E naquela planície de areia espelhada que partia do meu âmago e só terminava na Lagoa de Albufeira pus um pé à frente do outro, depois inverti a ordem, acelerei e aí fui eu.
Corri sem me importar com ritmos ao km ou com o que as pessoas pensavam, por ser o único de tshirt vestida, afinal não gosto de mostrar a minha barriga a saltitar a cada passada. Só queria 15 minutos, não pedia mais. Corri para correr, corri para voar, corri para me sentir livre. Corri só para mim.
 
E deparei com uma nova experiencia, conhecem o prazer da descoberta? É isso! O ar, o piso, a vista… na praia é tudo tão diferente. Há qualquer coisa de trail em correr na praia.
 
 
A areia é um pouco mais fofa, o que permite absorver algum do impacto ao mesmo tempo que desenvolve a força muscular da perna, mas não permite grandes velocidades. O ar à beira-mar é diferente do da cidade, mais fresco, mais salgado, enfim mais respirável.
A vista é arrebatadora, as arribas fosseis da Costa criam um ambiente entre o azul do céu, o verde do pinhal o amarelo forte das arribas, o verde das dunas, o amarelo da areia, o azul do mar que se liga ao azul do céu e o ciclo começa outra vez. Se ouço alguém a comentar outra vez que quer transformar toda aquela zona numa cadeia de hotéis estilo Miami Beach, queimo-lhe os genitais com um ferro em brasa. 
 
À medida que me ia desviando dos cães que passeavam os respetivos donos, conclui também que o índice de topless naquela praia se mantinha estável ao longo do ano, mesmo quando se reduz o total de afluência, o que aliás só serve para aumentar a sua visibilidade. E reparei que não corria sozinho.
 
 
Passados 15 minutos apetecia-me continuar a correr, mas a razão mandava-me parar. Não podia esforçar demais os músculos. Parei, tirei os sapatos e pé ante pé entrei caminhando na água, senti uma espuma fria a massajar os pés a ferver, depois a envolver-me gémeos acima e calmamente pelas coxas, e seguiu-se outra descoberta: A massagem das ondas frias nas pernas quente e corpo cansado depois da corrida é algo de divinal. Devo ter ficado a mirar o horizonte com a água pela cintura durante dez minutos. Depois de uma corrida é tão bom ficar ali a marinar no vai-e-vem da água.
Quem sabe se depois de voltar a correr uma hora inteira… Tenho que repetir isto mais vezes!
 
P.S. Depois da emissão desta crónica as praias da costa ficaram vazias.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A Corrida do Sporting - Nadar no estádio de Alvalade





 
Crónica que nada tem a ver com o título nem com nada

Naquele domingo acordei cedo, tomei um bom pequeno almoço, equipei-me e meti-me no carro para o Estádio de Alvalade, afinal era o dia da corrida do Sporting e não sabia como conseguiria estacionar.

Chovia como Deus a dava... a água escorria do céus como se tivessem aberto as portas da barragem de Castelo de Bode. Naquele dia, correr ou nadar, nadar ou correr era indiferente, exatamente a mesma coisa. Enfim, percebem a ideia.

Flashback

Por causa da pubalgia que me afligia os abdominais inferiores (púbis, pode-se escrever púbis neste blogue?) e os adutores, andei a fazer hidroterapia durante três meses numa clinica do estádio de Alvalade, três vezes por semana.

Esta experiencia é muito muito dura de suportar para um benfiquista, todavia... porém... contudo... mas... tudo feito em nome da recuperação da lesão e do bom estado físico. Afinal de contas mergulhar numa piscina a 33ºC ao final do dia é no mínimo relaxante.

Pausa para publicidade

E mais do que isso, a hidroterapia é quase como um regresso ao ventre materno. Para além do relaxamento, promove o alivio da dor, a resistência ao movimento incrementa a força muscular, aumenta a capacidade-vascular e respiratória (experimentem correr numa piscina), e melhora a postura.

Momento Zen

Neste período de recuperação, tive que efetuar uma introspeção às razões que levaram à lesão, nomeadamente ao excesso de esforço. No fundo, corria demasiadas vezes por semana, foram muitos kms não compensados pelo reforço muscular do core, nomeadamente dos músculos abdominais.

Desta forma, decidi que nos meus planos de treino semanais para além de introduzir com carácter obrigatório treino de reforço muscular, reduziria a carga de corrida, mas em compensação por uma menor carga de treino cardio, introduziria outro exercício cardio sem impacto nas pernas: a natação.

Consequência

E nesse sentido, foi em Setembro comecei a frequentar as aulas de natação... no Sporting. Isto é de loucos, passei a frequentar o estádio de Alvalade não três mas quatro... quatro vezes por semana! Não andava bom da cabeça. Devia ser da ausência de corrida.
 
(as minhas primeiras braçadas)

Pausa para publicidade nº2

Afinal de contas a natação melhora o sistema respiratório, fortalece os músculos e as articulações e aumenta a autoestima. Quer dizer sobe todas menos a minha, porque a primeira vez que mergulhei na piscina, começou a entrar água pelos óculos, passados 50 metros perdi o controlo da respiração e quando cheguei ao fim, queixei-me ao professor que respondeu: "Ah pois os óculos estão ao contrário" a partir daí a aula correu muito melhor.

Regresso ao presente

De qualquer forma, era domingo 12 de Outubro, eu estava no Estádio de Alvalade, chovia como Deus a dava e nadar ou correr era a mesma coisa... resolvi ir nadar.

(eu em grande estilo)
 
Por alguma razão que eu desconheço, acabo as aulas de natação sempre com uma sensação de leveza, mas com caibras nos gémeos. Espero que, à medida que desenvolva a técnica, estas parem, mas a verdade era que me doiam os musculos. Algo que tenho de corrigir.

No fim da aula, e mesmo com o gémeos presos, entrei no estádio e subi as bancadas para ver a corrida, só que a corrida tinha corrido dali para fora. Cheguei depois da partida. Enfim, mas nem tudo estava perdido, encontrei uma colega com os filhos, que partilhando o mesmo sorriso, tinham ido ver o pai correr.

Chovia até debaixo da cobertura do estádio de Alvalade, quando eu conversava com duas pessoas da minha idade mental (4 e 6 anos), ou melhor eles falavam os dois ao mesmo tempo e eu tentava ouvir os dois, sobre videos onde eu aparecia a dançar salsa no grande auditório da Culturgest (sai uma posta de pescada), quando um deles, aborrecido, diz que quer ir jogar playstation comigo. Bora!

 
(hmmm há qualquer coisa de errado nesta imagem)
 
E lá fomos para a loja verde jogar Sporting versus Sporting durante meia hora. Como grande benfiquista que sou, consegui não marcar nenhum golo pelo rival e no entanto, entre risos e jogadas perdidas... foi o melhor do dia.

P.S. O objectivo desta crónica era dizer que comecei a treinar natação.