segunda-feira, 31 de março de 2014
Em Março foi assim...
E mais um mês que lá vai, este com 18 treinos inseridos no Runtastic, mas que na prática foram "apenas" 14, pois seis dessas entradas aconteceram em dois dias. Primeiro foi o meu Duatlo Bike+21 kms de Cascais, e depois foi também o Triatlo de Alpiarça que incluiu ainda um treino de bicicleta antes da prova propriamente dita. Pelo meio houve a muito confusa Meia-Maratona de Lisboa e muitos treinos durante a semana.
Abril promete ser mais um mês em cheio, com a "meta" colocada no último fim-de-semana no mês, com o Triatlo do Estoril.
Meia-Maratona de Lisboa 2014, da Ponte 25 de Abril
Aqui vai um post que estava
por publicar.
Pela 1ªvez participei na
Meia Maratona de Lisboa, ou melhor, na Meia-Maratona da Ponte 25 de Abril, para
se ficar devidamente esclarecido.
Em termos oficiais, foi a
minha 3ª meia-maratona. As duas anteriores foram na “Meia-Maratona da Ponte
Vasco da Gama”. Digo oficiais pois corri 21 kms em Cascais e andei lá perto em
outras ocasiões.
Já tinha noção que a
logística associada a esta prova não era fácil, mas ao participar constatei os
factos. Fazendo as contas gastamos mais de 4 horas em logística e 2 horas a
correr. Fomos deixar o carro a Belém, depois apanhar o autocarro até Campolide
e depois ir de comboio até ao Pragal. Não apreciei nada a viagem de comboio
numa versão compactada de sardinha em lata.
Em relação à organização
poderia ter estado melhor. Colegas do Team já detalharam os factos. Na minha
opinião, na partida poderiam dar 5 minutos de intervalo entre as partidas da
“meia” e da “mini”, algo simples que tornaria a partida mais “confortável” para
todos. E depois na chegada o objectivo deveria ser escoar a malta toda em vez
de existir apenas uma “minúscula” saída para milhares de pessoas.
Parece-me que o negócio à
volta da meia-maratona poderá estar a comprometer a qualidade do próprio
evento. Senhores organizadores, encontrem lá um equilíbrio para a prova
continuar a ser uma verdadeira festa.
Quero também realçar um
facto que considero bastante importante que foram os muitos abastecimentos
líquidos ao longo da prova. Pareceu-me que a organização nesta matéria esteve
muito bem. Esteve muito calor ao longo da prova e certamente que o facto de
haver bastantes líquidos ao dispor contribuiu para o bem-estar de muita gente. Ainda
há bem pouco tempo escrevi aqui no blog a importância de não faltar água
durante as provas e destaco que desta vez houve água com fartura!
Também gostaria de lembrar
que mais importante do que o resultado (marca alcançada) é chegar bem à meta.
Vi algumas pessoas em grandes dificuldades e a necessitarem de assistência. Não
vale a pena forçar, chegar cansado é uma coisa, chegar de rastos é outra. A
competição é para ser saudável!
Vamos lá à corrida. Depois
de achar que a partida até estava bem organizadinha, uns minutos depois vejo
que o pessoal da meia estava parado e depois a andar devagarinho junto à
partida. O pessoal da mini partiu primeiro e foi ocupando naturalmente o
tabuleiro da ponte.
O 1ºkm foi feito devagar, no
ritmo que era possível e por vezes em slalom, respeitando o espaço de cada um. O
1º km em 6m30s.
Em cima da ponte, corri de
uma ponta à outra quase sempre em cima da grelha, não por ir em excesso de
velocidade mas porque era onde se encontrava um pouco de menos gente.
Depois de passar a ponte
(mais ou menos 2 kms em 11m30s), apeteceu-me acelerar um bocadinho mas o
excesso de gente era considerável, ou seja, tive de correr por vezes em slalom
para correr conforme me apetecia. Apenas em Alcântara começou a desanuviar o
aglomerado de pessoas.
Sentia-me bem e mantive um
ritmo bastante elevado (para mim) até ao 8ºkm. Fiz os primeiros 8 kms em pouco
mais de 40m. Ainda fiz o 9º km em bom ritmo mas depois naturalmente senti
necessidade de abrandar. Do 10º até ao 15ºkm foi sobretudo gestão de esforço. Estava
cansado mas bem. Estava muito calor e não queria fazer os últimos kms a sofrer.
De qualquer modo, apreciei
fazer aqueles primeiros 9 kms “a acelerar” mesmo tendo ainda muitos kms pela
frente. Foi uma boa experiência e um bocadinho de maluquice também!
Noto que a experiência de
umas quantas corridas (mas não muitas) tem ajudado na gestão do esforço. É
importante estar atento e ouvir os sinais que o próprio corpo transmite, para
que a corrida seja confortável.
Não vou para aqui estar a
dizer que foi tudo muito bom e que fiz uma prova extraordinária pois não foi
bem assim. Os últimos kms não foram fáceis mas em ritmo razoável. Cheguei
bastante cansado à meta. Não agarrei uma garrafa de água no km 18 ou 19 e
depois senti que tinha dado jeito. Também não me alimentei como deve de ser
durante a prova. Não gosto de comer muito antes, nem durante nem depois da
prova, mas convém comer alguma coisa de jeito. Claro que tomei pequeno-almoço e
que marchou uma barra de cereais antes da corrida mas deveria ter comido mais
qualquer coisa. Estava um pouco azamboado no final da corrida e quando cheguei
a casa também não me sentia grande coisa, mas a coisa recompôs-se e fiquei bem!
Na prova fiz um tempo de
1h57m27s. Muito bom! Record pessoal na meia-maratona e 1ªvez em menos de 2
horas.
Apesar das questões menos
boas que já foram faladas e de não ter ficado com muita vontade de participar
na corrida no próximo ano, gostei de ter participado na prova e gostei do
convívio com a malta! Team JRR e Amigos em grande J!!!
Apontar baterias
Depois de uma semana catastrófica em termos alimentares e apenas assim-assim em termos de treino, é hora de afinar baterias e voltar a centrar-me nos objectivos. Dia 27 de Abril não está assim tão longe...
domingo, 30 de março de 2014
CORRIDA DO BENFICA 2014
A corrida mais linda do mundo
A chuva caía inapelavelmente, o vento colava-me a camisola
encharcada ao peito, sentia os músculos das pernas a ficarem gelados, a cada
passada sentia os pés mais frios e a esmagar um lençol de água entre a planta
do pé e a palmilha do ténis... Desatámos
a correr à volta do estádio mais bonito do mundo, subimos o bairro contiguo,
passámos por baixo da avenida Lusíada... Corremos, corremos, corremos. Durante
a corrida não tínhamos corrido tão rapidamente, e finalmente... finalmente chegámos ao carro.
Peguei na toalha, limpei-me, mudei de roupa e senti-me a aquecer. 10+1 kms
depois tinha terminado a 9ª corrida do Benfica.
O inicio
É assim, há provas que são para correr e tentar bater
recordes, e outras há que pelo seu carisma, pela sua grandeza são para fazer a
festa. Eram 10:30 da manhã, os pêlos das minhas pernas eriçavam-se com as gentis
caricias do vento gelado da manhã.
A corrida do Benfica, para além de passar pelo
indubitavelmente
ESTÁDIO MAILINDO DO MUNDO,
tem cerca de 12 mil participantes (quantos é que teve a
corrida dos "outros"?), e torna-se quase impossível correr à vontade
para recordes ou com grande intensidade, e antes que surgissem indecisões de
última hora decidimos que estavam reunidas as condições ideais para fazer uma
corrida para a palhaçada.
Partida
E assim fomos para o Hospital da Luz (não para irmos ao
médico mas para o portal), depois da partida, acompanhados de milhares de excelentes
pessoas e pais de família, fomos lentamente na primeira parte da corrida, a
comentar as novidades desportivas, as pessoas por quem passávamos e quem
passava por nós.
(as aves raras)
Lusíada acima, Lusíada abaixo, aos 5 kms rejeitei o
abastecimento de água, contornámos o
ESTÁDIO MAILINDO DO MUNDO,
entrámos nas garagens, cantámos o hino do Benfica e ouvimos
um broar longínquo que se aproximava inexoravelmente até explodir na entrada do
relvado. O estado de euforia dos participantes era tal que resolvemos parar (no
meio de uma corrida?!?!?!) e tirar fotos no relvado do
ESTÁDIO MAILINDO DO MUNDO.
Infelizmente tivemos que sair daquele templo do desporto
mundial e na segunda fase da corrida resolvemos acelerar um pouco.
Seguimos pelos túneis do Colombo, subimos e descemos a rampa
de Carnide, voltamos aos túneis, rejeitei novamente os abastecimentos de água,
que nas provas de 10 kms pouco acrescentam, nomeadamente quando está assim fresquinho e para beber
água basta olhar para o céu e abrir a
boca. Subimos para o bairro ao lado do
ESTÁDIO MAILINDO DO MUNDO,
e aceleramos para a meta.
Resultado final
Fizemos um total 55 minutos no meu relógio, o que dá uma 2ª
metade bastante rápida e o suficiente para pensar em bater o record dos 10 kms
em breve.
sexta-feira, 28 de março de 2014
A minha medalha
(Já que no Triatlo de Alpiarça não tive direito a medalha, decidi fazer a minha. Mais pessoal que isto não deve haver.)
terça-feira, 25 de março de 2014
Eu, Triatleta
E pronto, está feito. Depois de muito pensar no assunto e de muito treinar, completei o meu primeiro triatlo, na primeira prova da época 2014, em Alpiarça. Foi um momento fantástico para mim, como aliás têm sido quase todos. Foi assim quando fiz, pela primeira vez, 5 kms a correr, depois passei para os 10 kms, enfim a meia-maratona e depois a maratona. Pelo meio completei também um Duatlo, sempre momentos de emoções fortes, tal como neste domingo
Correu bem, muito bem, a minha primeira experiência no Triatlo. Estava ansioso, confesso, por este dia. Tinha treinado para ele, sentia-me bem, mas havia muitas dúvidas, muitas perguntas às quais eu não tinha resposta. Tive muitos a meu lado para me darem conselhos, mas havia muitas respostas que precisava de descobrir por mim mesmo.
segunda-feira, 24 de março de 2014
Auto-Retrato do Escritor Enquanto Corredor de Fundo, de Haruki Murakami
(reparem: não parece o Joel?)
Acabei
de ler o livro "Auto Retrato do escritor enquanto corredor de fundo",
de Haruki Murakami. O livro conta-nos como o autor, depois de ter abandonado um projecto de gestão
de um bar de Jazz em Tóquio para se dedicar profissionalmente à escrita,
inicia-se na corrida de longo curso. Inicialmente apenas para se manter em
forma, é um ano depois que percorre a correr os 42.195 metros que
separa Atenas de Maratona.
Do ponto de
partida da corrida, o autor conta-nos como o seu hobby, se entranha em si,
molda o seu ser e como influencia a sua própria escrita.
Passo após
passo, palavra após palavra, Haruki descreve-nos da reacção do corpo quando
corremos em diferentes estados meteorológicos, ao longo dos quilómetros que se
acumulam nas pernas, ao longo dos dias consecutivos a correr, das diferentes
provas, de maratonas de Boston e de Nova York, ultramaratonas e triatlos.
"Vendo
bem, em que penso eu, exactamente, enquanto corro? Para dizer a verdade, não
tenho a mínima ideia... Corro, só isso. Corro no vazio."
A experiencia,
as sensações e emoções que o autor nos transmite, à medida que vai
correndo - todos os dias cerca de uma hora - é a do corredor introvertido, que
pratica um prazer solitário e que aproveita o tempo e exercício para meditar, ou
melhor, para esvaziar a cabeça. Aqui a minha experiencia é diversa da do
autor, pois pese embora adore correr sozinho e confesse que de vez em quando
sinto mesmo uma necessidade de o fazer, gosto muito de correr acompanhado com
amigos, ainda assim não invalida a riqueza da experiência e da leitura.
Mas, como se
fosse um diário, também nos vai abrindo as portas da sua vida, todos os seus
altos e baixos, ao longo das provas, ao longo dos romances. De como correr
longas distâncias se equipara à luta diária para escrever um romance e no
fim de contas como correr uma maratona é a própria vida e como a enfrentamos.
Como
que, mais do que um exercício físico, centrado nos músculos, a corrida de fundo
é um exercício cerebral de persistência, de não desistir, da força de vontade.
Através
de um caminho autobiográfico, o escritor leva-nos a conhecer o mais íntimo de
si, conduzindo-nos num labirinto de trilhos feitos de palavras, à medida que
nos vai contando as suas memórias e abrindo a sua alma.
Excelente
leitura para quem partilha do amor do autor pela corrida, mas também um livro
sobre a vida... Recomendo vivamente.
P.S. E já é o meu segundo escritor preferido que pratica atletismo :)
domingo, 23 de março de 2014
sábado, 22 de março de 2014
quinta-feira, 20 de março de 2014
MEIA MARATONA DE LISBOA 2014
Uma crónica tardia
Esta era a prova que celebrava o primeiro aniversário em que
fiz a minha primeira prova, a mini maratona da ponte, e depois de muitas provas,
cheguei a esta vindo de duas provas que me correram particularmente bem; os
20+1 kms de Cascais e a corrida das Lezírias (15,6 kms). A primeira por ter
aguentado bem a distancia em bom tempo (1h 52m 56s) e a segunda por ter
aguentado um ritmo de 5:06 ao km durante aquela distância.
Por outro lado, temos que assumir
que o carácter desta prova, transmitida há vários anos pela televisão para todo
o país, é de festa popular do desporto. E este foco excessivo na festa acaba
por perder o essencial que é a corrida em si, acabando por trazer alguns
inconvenientes para a experiência como iremos ver abaixo.
E foi ao raiar do dia que cheguei com a minha gente a Belém,
num alegre convívio - começo cada vez mais a gostar da palhaçada que antecede e
precede cada corrida - e foi com facilidade que nos endereçámos
de autocarro para a estação de Campolide. Eis que chegados à estação...
Passa o primeiro comboio completamente atulhado de corredores...
resolvemos esperar.
Passa outro comboio a fazer lembrar os melhores dias de
transportes públicos empacotados... resolvemos esperar.
Ao terceiro comboio, os corredores que o preenchiam eram
sardinhas em lata, inspiramos...
Decidimos arriscar e forçar a entrada. Foram 20 minutos
repletos de calor humano e de novas sensações corporais. Fui com a mão agarrada
à parede, não porque precisava para me segurar, não para segurar a parede, mas simplesmente
porque não tinha mais sitio onde meter a mão.
Saídos do comboio, expiramos...
Fomos recebidos no Pragal pela charanga animada do costume,
as meninas da Wells deram-nos o protector solar, ao que me besuntei todo até
ficar mais branco que os calções do Néné, e com muita dificuldade no viaduto do
Pragal (todos os anos é a mesma coisa), lá conseguimos chegar à praça das
portagens.
Um aquecimento ligeiro e juntamo-nos à cauda da grande
serpente que era a massa popular de 40.000 pessoas. Todavia faltava-nos
encontrar uma pessoa do team, mas eis que, como habitualmente em cada meia
maratona, estava na fila do wc. E de repente...
PARTIDA!!!
Aí vamos nós... não, não, não, não vamos a lado nenum! Uma
massa disforme de mini maratonistas passa à nossa frente... Inacreditável.
Aqui vamos nós... E sete... Sete... SETE?!?!?!? longos
minutos depois chegámos a passo à linha de partida.
Com o tabuleiro da Ponte entupido de andarilhos, só se
conseguia correr na faixa de grades. Repete-se ininterruptamente o ciclo
sprinta/anda, sprinta/anda, sprinta/anda, o que me vai desgastando aos poucos.
À saida da ponte, depois do 1º km (a 6:54) já se consegue
correr continuamente e vou acelerando até aos 5:30, depois até aos 5:12, 4º km
voltei aos 5:27, no 5ºkm fiz a 5:11 e a partir de Santos estabilizei à volta
dos 5:25.
Toda esta fase foi feita sempre a ultrapassar facilmente
outros corredores e ia com o ego em alta. Ainda na direcção do Cais do Sodré
cumprimentei pela primeira vez, os outros membros do blog que já corriam no
sentido contrário. Sim, iam à minha frente.
Ao 8º km virei no sentido de Belém e fiz o primeiro
abastecimento de água. Tento acelerar para uma média de 5:15 mas não consigo,
ora porque ainda há muitos corredores em ritmo lento, ora porque qualquer coisa
me dizia não estar capaz.
Assim sendo, vou mantendo o ritmo de 5:25 até à primeira
passagem pelos Jerónimos, sempre passando outros corredores nalgumas acelerações
que me continuam a desgastar. Reparo pelo caminho que existem muitos, mas
muitos corredores estrangeiros; Espanhóis, Americanos, Franceses, Italianos,
Suecas e evidentemente Quenianos. Esta prova está-se claramente a
internacionalizar.
Aos 15 kms ingiro o gel, bebo água e fico à espera do efeito
explosão para o último quartil da corrida. A correr na via central vejo a
Sofia, o Rui e o Paulo a correr em sentido contrário. Era a segunda vez que nos
cruzávamos. Abro os braços, lanço um grito e cumprimento os 3 com as palmas das
mãos. Momento infantil e o auge da minha motivação ao longo da corrida.
Entretanto, afinal o efeito explosivo do gel não chegou.
Viro na Cruz Quebrada para a direção de Belém, Nos últimos 5 kms vou sentindo-me cada vez mais cansado, e começo a ter a noção de que o calor está a
fazer as suas vítimas. Se por um lado, eu tenho a noção de que não consigo
acelerar e me está a ser difícil continuar a correr, por outro muitos
corredores encontram-se prostrados a ser assistidos na beira da marginal.
Nos últimos 3 kms sentia o meu corpo cansado e a minha
respiração ofegante. Encontro o Eduardo em dificuldades no músculo da perna,
acompanho-o durante uns minutos e depois arranco. Mais à frente encontro o Joel
que se esticou na primeira parte da corrida.
Mas custava-me muito cada passo que dava. Na minha cabeça
pairava a dúvida se teria que parar para andar - que é algo que eu abomino, se
uma pessoa vem para uma corrida é para correr, e é cumprir esse objectivo que
nos dá a sensação de realização.
Mentalmente obrigava-me a pôr um pé à frente do outro, a
inspirar a cada duas passadas e a expirar a cada duas passadas. Obrigava os
meus braços a baloiçar um a um para ajudar a passada. Visualizava o próximo
poste de iluminação e dizia-me “não desistas, não desistas - corre pelo menos
só até ali”, depois “não desistas, não desistas - até aquele viaduto”, e “não
desistas, não desistas - até apanhares àquele corredor que já vai a andar”…
Até que chegou o último quilómetro e à medida que ia vendo
os portais de chegada ao longe, como que por magia o meu cérebro começou a
incorporar e processar esta informação, os olhos arregalaram-se e as pernas ficaram mais
leves. Comecei a acreditar que ia acabar a corrida e a acelerar aos poucos, até
que nas recta da meta quase, quase que fiz um sprint. Acabei! Uf… Não desistir
foi o mais parecido com um sentimento de vitória.
QUERO ÁGUA!!! Acabei de correr durante quase duas horas e
meteram-me numa cerca com 30.000 pessoas em jeito de manada, não há espaço para
alongar, a 1ª coisa que me dão é a medalha (para as fotos) e demoram
eternidades para dar água, uma banana… Se alguém se sente mal aqui enlatado é o
cabo dos trabalhos. Levo 20 minutos a sair da zona final para ir ter com os
meus colegas.
A organização falhou tanto no inicio como no final que para
o ano só cá venho, se vier para a festa.
Alonguei...
Devagar deitei-me de costas na relva, fechei os olhos, senti
o calor da terra a irradiar-me as costas, a relva a massagar-me os gémeos, e
invadiu-me uma sensação de superação.
segunda-feira, 17 de março de 2014
Só para dizer...
... que hoje foi dia de mais um teste.
Consegui correr durante 20 minutos na passadeira cá em casa. Foi a 8 min./Km, ou seja a passo de caracol, mas foi a correr sem dores.
Depois de um primeiro teste falhado durante a semana passada... Life's good!
Até um dia destes ……………..Meia Maratona de Lisboa EDP – 2014
20º graus de temperatura, e uma grande expectativa para a Meia Maratona na ponte de 25 de Abril.
Esperava-se uma grande enchente e o facto de só termos conseguido "embarcar" no 3º comboio, na estação de Campolide, antecipava tal adesão.
A saída no Pragal, e uma multidão de pessoas, comprovaram que "correr está na moda"!
Já esperávamos o "mar de gente" e o facto de as inscrições esgotarem antes da data limite de inscrições, só reforçou tal expectativa.
Foi com essa previsão em mente que às 8.30, a malta do JRR Desporto (excepto o Ricardo ainda em período de descanso), se encontrou à porta do Mosteiro do Jerónimos. Fomos bem acompanhados pelo Eduardo, Paulo, Fernando e o Mário. A Sofia, iríamos encontra-la no local de partida.
O Habitual Desta Corrida
À saída da estação do Pragal fomos "brindados" com uma variante dos LMFAO, em formato banda filarmónica. E não é que soava bem!!??
As meninas da Wells forneceram o protector solar e claro os habituais, bonés vermelhos (esta ano patrocinados pela Vodafone).
Na brincadeira prometi uma grade de cerveja ao Paulo se ele passa-se a meta com ele na cabeça. Ao que tudo indica vou ter que "libertar a nota", mas ainda estou à espera das fotos oficiais para confirmar.
Em passe ligeiro passámos pelo "meeting point" do clube, partilhámos abraços e desejos de boa corrida e dirigimo-nos para a entrada da ponte.
O Habitual Desta Organização
A confusão para a entrada na ponte é o cartão de visita da organização da prova. A entrada na ponte faz-se em formato "entalamento" e fica ao critério da sorte se o encosto é num corpo bem torneado ou numa estrutura de carrinho de bebé (verdadeiros heróis, estas famílias que trazem os "bólides" dos filhos para estas barafundas!).
O que é preciso é o lucro do evento. O resto é ……….corrida.
O Que Começa a Ser Habitual Nesta Organização
À hora certa e depois de um aquecimento q.b. dá-se o tiro de partida. Contraem-se os músculos, transmitem-se palavras de incentivo e desejos de boa corrida.
Seis (!!????) minutos depois da partida passo a linha de partida. Confuso, procuro perceber porquê. Olho para o lado e vejo uma maré de gente da Mini Maratona a correr com todo o "espaço do mundo", directos à ponte e "inconscientemente" a barrar a entrada do grupo da Meia Maratona.
Ora o ponto de situação é este: estamos confinados num corredor onde por trás de nós vêm corredores da Mini Maratona, que conseguem nos circundar, passar à nossa frente e bloquear a nossa entrada.
Ora a pergunta que se impõe é: Então porquê a diferenciação de local?
Entretanto enquanto caminhava ao lado da Dª Maria (que este ano trouxe a vizinhas do 3º Esquerdo e o seu neto), debatia-me com outras questões:
Porquê das T-shirts diferenciadas? – Ah se calhar é para ficarmos (os corredores da Meia Maratona) limitados ao tamanho S, enquanto a Mini Maratona tem todos os tamanhos disponíveis!
Porquê as distancias diferenciadas? – Ah se calhar é para vender a imagem de uma prova profissional de média distância, conseguindo assim atrair público de caminhada e corredores em início de "carreira", bem como, atrair corredores já com alguma dinâmica de corrida. O que importa é ………"pingar na conta"!
Porquê é que eu continuo a vir a esta prova? – Felizmente esta pergunta surgiu no meu cérebro, no preciso momento em que proporcionou-se o início real da corrida, a 1 km depois da sinalética de partida. Não sei se foi pela questão em si ou pelo facto da vizinha da Dª Maria começar a indignar-se pela diferença das t-shirts da Mini Maratona vs Meia Maratona, mas o que é certo é que comecei a correr desejoso de acabar a corrida o mais depressa possível.
A Novidade Desta Organização
A prova foi sendo corrida, em modo Slalom+Series.
Muita gente ficou para trás e muita gente estava à minha frente.
O "Troféu Inovação" deste ano, vai para o senhor que a correr a bom ritmo levava um megafone e pedia aos corredores da frente para saírem da frente.
O calor apertava e nos 2 últimos Km´s começavam a aparecer corredores estendidos na calçada a serem ajudados pela população.
E assim se cortou a meta entre cansaço pelo esforço e felicidade pela conclusão.
Esperava mais uns 100 mts e daqui a nada estaria a descansar na relva do Mosteiro dos Jerónimos.
De repente vejo a habitual saída barrada por grades.
Tenho que virar para a direita e sou obrigado a fazer todo o Parque dos Jerónimos.
Dispenso os fotógrafos das "fotografias a 12 euros/cada" e dou-me conta que estou a passar o local dos Pasteis de Belém. Continuo intrigado com este "passeio forçado". Passado cerca de 1 Km, desde a meta, chego a uma clareira com dezenas de participantes parados. Percebo que estamos rodeados por gradeamento e a única saída está a nossa frente onde a massa humana tenta afunilar.
Ora portanto, 21º de temperatura, 21 Km´s de prova, cerca de 35 mil participantes no total, 1 Km de corredor para poder sair do recinto da prova………e por fim ……….uma singela saída………….
Enquanto esperava pela saída a questão que ficou sem resposta voltou a surgir:
Porque é que eu continuo a vir a esta prova?
Mesmo antes de sair, finalmente, do recinto (cerca de 5 minutos de espera), percebi finalmente que não tinha resposta para a pergunta. Mas tinha uma solução para que a mesma não surja para o ano.
……..adeus Dª Maria………….até sempre "Corrida da Ponte"!
domingo, 16 de março de 2014
Meia-maratona, feita e arrumada para um canto
Um ano depois de me ter estreado na Meia-Maratona da Pt 25 de Abril, era altura de regressar a uma prova na qual já tinha sido feliz. A 23 de março de 2013 fiz um tempo fantástico de 1h46m33s, que foi, na altura, o meu recorde pessoal na distância.
Este ano voltei, mas quase que parecia estar a pressentir o que ia acontecer. Nos dias que antecederam esta prova, não estava a sentir aquela ansiedade natural que me envolve antes destas grandes provas. Não sei se isso também teve influência, o que é certo é esta meia-maratona me irritou de tal forma que não penso voltar a fazê-la nos próximos tempos.
Primeiro, porque a logística inerente a estas provas já me começa a irritar. Saí de casa às 7h45 de manhã e cheguei às 14h, mas no fundo só corri 1h46m. Mais de quatro horas deitadas ao lixo, gastas apenas e só em logística. 8h30 em Belém, autocarro para Campolide, onde chegámos às 9h. Começou aqui o pesadelo. No ano passado apanhámos logo o primeiro comboio que passou e só faltou irmos sentados, tal era o espaço livre. Hoje só conseguimos entrar ao 3º ou 4º comboio que passou e íamos mais apertados que sardinha em lata. Para esquecer. Depois foi a confusão do Pragal, para aceder à praça das portagens. Ao fim destes anos todos já deviam ter arranjado um acesso melhor que aquele. Demasiado mau.
Depois a organização da partida continua a ser demasiado má. Já no ano passado tinha sido assim e este ano voltaram a fazê-lo. O pessoal da Mini-Maratona arranca ao mesmo tempo que o da Meia e invade de imediato o tabuleiro da ponte, não deixando espaço para correr quem, de facto, vai ali para correr. São senhoras que até trouxeram o casaquinho de malha, são carrinhos de bebé, há de tudo a passear. E por mim tudo bem. Mas podia ter ficado lá para trás. Bastava atrasar a partida da Mini-Maratona em 10 minutos, tempo mais que suficiente para escoar o pessoal da Meia.
Com tudo isto, os primeiros 5 kms foram um pesadelo. Confusão, muita confusão e um verdadeiro stress para ultrapassar os mais lentos. No meio dessa confusão toda perdi quase toda a gente, o Pedro e o Joel, do Team JRR, e o Mário, Fernando e o Eduardo. Fiquei-me com o Paulo e com a Sofia, também do Team JRR, com quem não tinha partido, mas que lá encontrei na descida para Alcântara. Formámos ali um trio e fomos juntos até à meta.
![]() |
Foto: André Noronha |
Impusemos um ritmo porreiro, sempre abaixo dos 5min/km e lá fomos tentando vencer a multidão que corria pelo percurso. Muita, muita gente mesmo. Lembro-me de, no ano passado, em Algés, já haver muito espaço para correr, mas este ano por essa altura ainda estava muito compacto, obrigando a zigue-zagues constantes. A diversão estava muito longe e já só pensava em acabar depressa a prova. Aumentei ritmo nos últimos quilómetros. Quebrar o recorde pessoal na distância (1h44m) já não seria possível, mas melhorar o tempo de 2013 estava ao alcance. E consegui mesmo melhorar esse tempo, em alguns segundos: 1h46m18s.
O final, depois de cruzar a meta, foi o pior de tudo. Este ano a organização decidiu alterar o percurso do corredor final, de distribuição de brindes. Em vez de ser logo a seguir à meta, "despejando" os participantes em frente ao CCB, enviaram-nos pelos jardins, num espaço compacto onde, mais uma vez, parecíamos sardinhas em lata. Foram-nos enfiando na mão os vários brindes e no final milhares de pessoas iam encontrar-se numa saída que não devia ter mais de três metros de largura. Absolutamente ridículo. e com isto tudo estávamos praticamente em frente ao Palácio de Belém, ou seja depois quase toda a gente voltava para trás, por um segundo corredor, para vir para a zona do CCB e do Mosteiro dos Jerónimos. Eu já não podia ver aquilo tudo à frente. Só queria chegar ao ponto de encontro e acabar com a aventura. Por mim está feita e, durante uns bons anos, arrumada a um canto. E cheira-me que não sou o único a pensar assim.
sexta-feira, 14 de março de 2014
Sinto-me a...
...
R!!
Nota: Para quem não percebeu, o "artista" da imagem é um boneco da série Dragonball e chama-se Vegeta... :)
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Nota: Para quem não percebeu, o "artista" da imagem é um boneco da série Dragonball e chama-se Vegeta... :)
quarta-feira, 12 de março de 2014
COMEÇAR A CORRER - A minha experiencia
Se
tudo correr bem, neste Domingo completar-se-à o meu primeiro (espera-se entre
muitos) ciclo anual de provas. A primeira prova foi a mini-maratona da ponte 25
de Abril e com a meia maratona encerra-se um ano de evoluções, de altos e
baixos, recordes e lesões. E achei que era altura de reflectir um pouco do que me levou a começar a correr, sobre as sensações e experiências que passei.
Começar a correr
Como
aviso prévio aos (poucos) leitores, devo referir que esta história de como
comecei a correr terá provavelmente muitas semelhanças com tantas outras tantas
por aí, de quem tenha começado a correr já em adulto.
O Inicio
E esta
viagem começa em Maio de 2012, num gabinete de fisioterapia, bem conhecido do
pessoal de onde trabalho, para onde arrastava diariamente o meu corpo, recuperando
de uma entorse em eversão (para dentro) no pé direito com estiramento do
ligamento. A lesão em si, foi obtida num jogo de futebol, e já derivava do sobre
esforço colocado ao tornozelo para efetuar uma travagem brusca de tanto peso em
cima do pé.
No
final dos tratamentos, e como teste, a Inês (a fisioterapeuta, e culpada)
começa por me mandar correr cinco minutos na passadeira, cinco minutos inteiros...
A mim, ao rapaz que quando fazia educação física na escola não conseguia, nem
gostava, de correr mais do que 2 a 3 minutos consecutivos. Petrifiquei…
A
medo de fazer má figura e com muita concentração para não perder o controlo da
respiração, lá faço os 5 minutos, que passam consecutivamente a 6, 7, 8 e 10
minutos. Depois da alta, apanho o gosto de me desafiar, e experimento as
técnicas de corrida recentemente adquiridas, agora na passadeira do ginásio,
sempre a esticar os tempos de corrida até aos 20 minutos. 20 minutos inteiros
em cima da passadeira, inacreditável! Em segredo sinto-me o “rei do mundo”.
Num
fim de semana de Junho resolvo deixar a passadeira e experimentar correr em
estrada… mas descubro que afinal a passadeira faz metade do trabalho, não é? No
asfalto, o impulso temos que ser nós a dar, enquanto a passadeira manda os
nossos pés automaticamente para trás. Cansa, não é? Pois é, são os paradoxos da
escola da vida, primeiro faz-nos os exames e depois de chumbarmos é que nos dá
as lições.
Passadas
as férias de Verão, tirei as indicações necessárias para começar a correr, depois
de consultar vários blogs sobre o tema,entre os quais o famigerado “Runbook de
um gajo que mudou de vida” do Paulo Pires, acabou por me ajudar muito. Já
munido de um relógio com leitor de cardiofrequência - claramente necessário
dado o excesso de peso - recomeço por correr por períodos de nove minutos intercalados
por um minuto de marcha, que se vão alargando até conseguir correr 40 minutos contínuos.
Com
as dores musculares depois dos treinos podia eu, era o corpo a habituar-se ao
exercício, os alongamentos ajudavam a recuperar, mas o pior eram as dores nos
calcanhares e nas articulações do pé. Não eram normais, mesmo com o meu excesso
de peso a sobrecarregar as articulações. Como na altura usava uns ténis da
marca branca de uma grande superfície desportiva, resolvi fazer um teste de
passada, numa marca de ténis conhecida. Entrei convencidíssimo que seria
supinador, mas - depois de correr numa passadeira e de ver em filme as minhas
pernas “a dar a dar”, como se fossem duas pernas de peru - os ângulos entre a
perna, o tornozelo e o pé demonstraram precisamente o contrário, era neutro com
alguma tendência para pronador!
Já
com calçado adequado ocorreu um momento marcante no treino seguinte, e por isso
o refiro aqui. Tinha por objectivo finalmente chegar aos 60 minutos de corrida
continua e iniciei, como habitualmente, sempre concentrado no ritmo da
respiração, a olhar para o relógio para controlar as pulsações cardíacas,
acelerando e desacelerando para manter uma passada confortável. Se no inicio da
corrida sinto sempre o meu corpo no limite, em esforço, aos 40 minutos do
treino comecei a ser invadido por uma sensação de bem-estar e a pensar que
poderia continuar a correr assim durante 4 horas que nada me afectaria. E após os
50 minutos, nasce uma força e vontade inexorável de desatar a sprintar pela estrada fora… e lá sprintei durante trinta segundos, rapidamente
rebentei…
Mas
que libertação de prazer físico e sensação bem-estar era aquela no final do
treino? E o sentimento de suave euforia que durou um dia inteiro? Não sabia o
que era, mas gostei e queria muito repetir a experiência! Desconfio que muitos
dos leitores sabem o que é.
Correr sozinho versus correr acompanhado
Entretanto,
estávamos em Novembro, e eu corria sozinho, sempre por trilhos conhecidos, ao
meu ritmo, sempre na minha zona de conforto e a ouvir a minha música, - descobri
que as Salsas e os Sembas angolanos (não perguntem porquê é uma longa
história), por serem sempre alegres e terem uma batida á volta dos 90 bpm são óptimas para acompanhar a corrida, mas quando o corpo começa a ir abaixo, o
Metal é excelente para forjar a perseverança.
Como
já corria 60 minutos seguidos, sentia a necessidade que partilhar esta
conquista com alguém, pelo que o escolhido foi o Ricardo, doravante designado
por Padrinho, na altura companheiro de ginásio e de ocasionais futeboladas. “Olha
outro Queniano, então tens de vir correr connosco!” – “Connosco?” repliquei,
“Sim, costumo correr com uns amigos à hora de almoço. Há montes de gente a
correr!”. E eis que todo um mundo novo se abriu para mim…
E foi
numa fria manhã de Fevereiro, que eu ganhei coragem e primeira vez fui correr
com eles, eles são os membros da equipa JRR Desporto que pouco a pouco foi
sendo criada informalmente pelo “padrinho”. Como seria de esperar, aguentei apenas
9 minutos num percurso que hoje em dia fazemos em 7, depois disso foi sempre a
subir até prefazer os 52 minutos de treino. É curioso conhecer outros
corredores e a dinâmica de grupo que se cria num desporto que é
fundamentalmente individual, e onde, pelo menos a este nível amador, as
diferenças de géneros são eliminadas.
Diferentes
pessoas levam a corrida de maneira diferente, com objectivos diferentes, uns
são mais competitivos enquanto outros gostam de ir em ritmo de passeio, uns não
se calam durante o treino todo e os mais introvertidos vão a curtir a deles.
Se, por um lado, é bom treinar sozinho, porque não dependemos de ninguém,
porque pomos a cabeça em ordem e porque temos os nossos objectivos específicos,
por outro, treinando juntos, partilhamos dificuldades, experiências, há um
factor motivacional sobre correr acompanhado que nos acaba por levar mais
longe, mais depressa.
Porque corro
Passaram
semanas, os treinos e uma colega, com a personalidade muito assertiva, interroga-me,
apontando para o meu perímetro abdominal, “Já sei que andas a correr, mas olha
que não se vê nada, não sei para quê que corres? Aliás, não sei como é que
consegues passar a uma hora inteira a fazer a mesma coisa?”
Apesar
de saber que já tinha perdido alguns quilos, as respostas vieram tão
naturalmente que me surpreenderam. Eu já não corria para melhorar a condição
física, corria porque tinha descoberto que “me diverte, que me faz bem à
cabeça”. E quanto ao “estar a fazer a mesma coisa”, ao longo de uma/duas horas
a correr o corpo passa por diversas fases, gerimos a velocidade consoante os vários
terrenos que trilhamos, e com a experiência vamos conhecendo os nossos limites físicos
mas não só, os mentais também, porque a atitude que temos perante a vida, há de
ser a atitude que temos na pista, todas as nossas forças e fraquezas emergem, e
se o objectivo é não parar, temos de treinar corpo e alma para esticar esses
limites, porque no final de contas enfrentamo-nos a nós próprios…“basicamente
aprendi a não desistir!”
As Primeiras Provas
Não
sei quanto aos outros corredores, mas eu tenho uma espécie de parasita dentro do meu
cérebro, ao qual chamo de “e se?”. É um bicho que vai roendo, corroendo
devagar, fazendo um ruido surdocontinuo dentro da minha cabeça,que ao início
parece fácil de ignorar,mas que, com o tempo, nunca nos deixa descansados ou em
paz connosco próprios, até que cedamos à sua vontade. E este bicho repetia
vezes sem conta: “e se fizesses a mini-maratona da ponte 25 de Abril? São só 7 quilómetros
e já a fizeste a andar.”
Inscrevi-me
para a mini-maratona da ponte, e lá fui sozinho no meio de um tabuleiro de
trinta mil pessoas que fervilhavam em festa antes da partida, nervoso sobre se
conseguiria correr a distância toda sem parar, fui correndo sempre na
defensiva, mas consegui e foi uma satisfação enorme chegar à meta.
Logo
a seguir, cheio de vontade com os treinos, e já na secção de atletismo dos
Serviços Sociais CGD, inscrevo-me para a prova de 5 kms da corrida do Benfica. Pode
o leitor perguntar porque é que eu me inscrevi numa prova da 5 kms depois de
ter feito 7 kms, questionando esta (des)evolução. Pode e deve, aliás os meus
companheiros fizeram a mesma coisa, aproveitando a altura para
me adjectivar de diversas formas, tendo inclusivé exaurindo todo o vocabulário
da língua portuguesa associado à falta de virilidade, mas felizmente os Deuses
olímpicos fizeram com que alguém se enganasse na inscrição, e me tivesse inscrito
na prova dos 10 kms.
10
kms inteiros! Com as rampas da Avenida Lusíada e com a rampa de Carnide, que
são quase 2 kms, porém com a possibilidade de correr no estádio da Luz.
Parecia-me tudo uma muralha intransponível. Mas felizmente na semana anterior
os meus companheiros tinham puxado por mim, e depois da ansiedade da partida,
que incluiu uma insónia, consegui fazer a prova, que é fabulosa para quem é
benfiquista. E mais uma vez, a ideia de que todo o esforço dispendido na
preparação e na corrida valeu a pena, o sentimento de superação é sensacional.
E o
resto podem seguir aqui no Blogue, se tiverem muita muita muita paciência e
algum desequilibro mental.
Para
este ano sonho em aumentar as distancias das provas feitas, e especialmente,
entregar-me ao verde e mergulhar na aventura nos Trails... a divertir-me, continuar a conhecer pessoas e a mim próprio.
A
todos obrigado por lerem.
A todos obrigado por correrem comigo.
A todos obrigado por correrem comigo.
domingo, 9 de março de 2014
Corrida das Lezírias 2014
Esta foi a segunda etapa de um
ciclo infernal para os ritmos que estou habituado. A 1ª etapa foram os 20+1 kmsde Cascais (que me correram muito bem), a Corrida das Lezírias foi a 2ª e a terceira será (se tudo correr bem e não me aparecerem as paponas das lesões) a meia maratona de Lisboa (21 kms).
O dia começou fresco e com
salpicos, mas com muito boa disposição/birra de sono dentro do team mobile. Boa
disposição dos restantes elementos, a birra de sono era minha. Mas, mal ou bem, lá chegámos. E encontrámos, completamente
por acaso, o Mário que é um companheiro regular destas andanças.
Depois de um pequeno aquecimento,
fomos empurrando a "uma certa pessoa do blog que corre mais do que nós
todos juntos" (e a contra vontade da própria "pessoa") para
perto da partida, para ve se "essa pessoa" conseguia um bom tempo e
posição final.
Colocada a "pessoa" na posição
que merece, foi só ligar o relógio e começar a correr pelas estradas de
paralelepípedos de Vila franca de Xira fora e subir para a ponte, o único
obstáculo da prova. Depressa, o Pedro e o Eduardo me passaram, e encontrei um
colega que há muito tempo não corria. O
1º km foi feito a um ritmo de 5:20 e depois acelerei e estabilizei o ritmo.
Passada a ponte, entrámos no
estradão de terra batida que ditaria o carácter da prova, com um abastecimento
de água aos 5kms e 10 kms. No meio daquela natureza, com campinos a guardar as
terras privadas de eventuais invasões de runners... senti-me a pastar.
Quando começaram a passar os corredores que já
vinham em sentido contrário, foi começar a motivar e cumprimentar colegas e
amigos. Vi também o João Lima (outro Blogger) e o Lênio (caracter omnipresente
nos eventos de musica latina da margem sul). Encontrei outro colega que corria
a um ritmo ligeiramente mais rápido, e, confesso, colei-me e usei-o como minha
lebre. Pelo menos até ao retorno à ponte de Vila Franca de Xira. Ele ia muito
rápido para mim, e decidi abrandar um pouco.
Passada a ponte, faltavam 3 kms
para o final, foi a altura de dar asas às pernas e acelerar. Estes últimos kms
foram feitos abaixo dos 5' ao km, com os último km a 4:20 :) . É preciso ter muidado com aqueles paralelepípedos na aceleração final, Começo a adorar
as minhas pontas finais.
Balanço final: 1h 19m e 57s a um
ritmo médio de 5:07, muito bom, tendo em vista os 5:22 que fiz há uma semana. Gosto
muito de fazer estas corridas de trás para a frente, sempre a acelerar. Estabeleci um record dos 15 kms, o
que não era difícil porque foi a minha primeira prova nesta distancia. Adorei a
prova e o desempenho.
Próximo episódio: Meia Maratona
de Lisboa, o objectivo final deste ciclo. Vamos ver como é que corre. Oxalá não me
apareçam quaisquer lesões. Saravá!!!
quinta-feira, 6 de março de 2014
Em Fevereiro foi assim...
Mais um mês que passou, desta vez não tão perfeito a nível de treinos quanto seria desejar. Ficaram uns 4 ou 5 por fazer, face ao inicialmente previsto, nada de grave porque os treinos feitos foram muito bons. Três treinos de natação, 1 de ginásio, 3 aulas de spinning, 4 corridas e 1 manhã de bicicleta. Ah, e os primeiros dois meses - com muita fome pelo meio - já "renderam" na balança; passei dos 78 para os 76 kgs. Agora é só manter a tendência e não "descarrilar", até porque Março vai ser (já está a ser) um mês em grande.
terça-feira, 4 de março de 2014
"20 kms de Cascais", que afinal foram 21 kms
Pois é, afinal a prova que
era para ser de 20 kms afinal foi de 21 kms.
A organização não esteve
nada bem desta vez.
A quilometragem foi apenas
um dos aspetos menos positivos, de qualquer modo classifico este facto apenas
de aborrecido, nada mais do que isso. Face ao trajeto da prova parece-me que
bastaria terem feito o percurso de carro antes da prova para perceberem que
entre as placas do km 15 e do km 16 a distância real era muito mais do 1 km…Percebia-se
isso sem se ter GPS.
segunda-feira, 3 de março de 2014
20 kms de Cascais 2014
(+1 km de bónus)
*Para entenderem este texto tenho que fazer uma introdução ao meu petit nom. Nasci José Emílio, típico português, o primeiro nome de herança hebraico-cristã e o segundo de tradição romana (momento Canal História). No dia do meu nascimento o meu avô paterno “batizou-me” logo de Zémi, street name que usei até ao final do ciclo, 11 anos. Portanto, e pese embora hoje em dia quase ninguém me chame assim, Zémi sou eu!
Depois da meia maratona dos descobrimentos, onde
fiz uma entorse, ainda não tinha corrido 20 kms, e era com uma mistura de
vontade e de ansiedade que me dirigi à prova. É que há algo nestas provas
longas de ter sempre o fado de me correr muito mal. E, para piorar a
perspectiva, nos dias anteriores antecipava-se que a corrida seria feita com
vento e debaixo de chuva.
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