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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Nas Curvas da Dª Bucelas – III Trail de Bucelas

Bucelas é uma senhora, sentada onde antes era uma floresta, verde por causa do arvoredo e cinzenta por causa da sua serra.

Conhecia neste Domingo, fria e calma. Calma……….nem por isso. Tinha acabado de ser invadida por um exército  de corredores de montanha, dissimulados com cores berrantes e loucos por a calcar de fio a pavio. Eu também lá estava e embora não seja o meu melhor prazer, andar a correr nas montanhas (por causa disso mesmo, por ser a correr), decidi, neste início de ano (que coincide com o início da preparação para a maratona de Liverpool) “abraçar” estas “correrias”, em nome de uma melhor e maior preparação física.

A Srª Dª Bucelas, tem um centro pequeno, onde se situa uma rotunda, com uma pipa no meio, para anunciar, a quem ela visita, que se produz e bebe vinho regional nas tardes de verão e no inverno ao serão.

Na verdade vim acompanhar o Eduardo nas subidas ingremes e nas descidas a pique.
Bem, acompanhar é uma noção simpática de companheirismo. Apartir do 15º Km, era ele que fazia a festa toda: Subia, descia, parava à minha espera e voltava a desparecer lá a frente.

Comecei a conhecer as curvas da Dª Bucelas às 9h00. Ia vestido a rigor, como um corredor de montanha, pronto para conhecer o melhor que ela tinha para oferecer e até ao 15º Km foi amor correspondido. Eu corria, subia e descia nos seus caminhos, uns recondidos outros à vista de toda a gente.

Mas bucelas, a senhora dona de tantas curvas de amor e desníveis de humor, decidiu pôr-me nervoso, “barrando-se” de lama, tornando-se mais perigosa esta “corrida a dois”.

Quando subi ao seu cimo (o único, pensava eu), estava cansado mas contente. No ponto de abastecimento (lá em cima), brindei com ela, o nosso encontro. O abastecimento era suficiente para se assim chamar. Os tempos não estão para exageros e afinal estávamos ali para correr.

Depois …………….depois foi a nossa zanga.
Ela mandou chover e fiquei todo molhado. No chão a lama apresentava um sem número de passadas. Não era o único, não era o primeiro e ainda por cima…………….estava encharcada!

Na descida pensei que não haveria mais alterações de humor!
Ingenuidade a minha! Ela levou-me até ao rio e obrigou-me a fazer mais uma mão cheia de quilómetros a subir, como se brincasse comigo! As variações de humor nas senhoras nunca são expectáveis e quando surgem, é a valer!

Perdi o meu humor, perdi a minha boa disposição.

Voltei a subir aos seus ombros e lá em baixo, vi a meta,
A vista era maravilhosa e houve que em plena competição tenha parado e sentado na ravina, só para admirar.

Mas eu não queria parar.
Os pés latejavam, respiração ofegava e lá mais à frente, a descida das descidas, escorregadia até mais não, levava-nos a pensar que depois disto, não haveria mais outro amor.

3 horas e 50 minutos depois, voltei ao centro dela. Novamente à rotunda com a pipa no seu centro.

Foi uma manhã de intenso esforço, o plano para almoçar nas redondezas foi abortado. A chuva voltava a cair e já não havia pernas (nem disposição) para voltar aos balneários.

Dª Bucelas, se me ouve (Lê, melhor dito…..quer dizer escrito), voltarei um dia, mas espero que prescinda da lama. Se assim for…………eu prescindirei da rabugice.

Ate lá

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