Ao final da tarde a Lua lançava-me
um sorriso frágil, erguendo-se no céu como uma pequena falua que me prometia
levar numa viagem por um oceano estrelado. Tinha acabado a lua nova, aqueles
3/4 noites de escuridão total no céu e tinha acabado a minha fase de
abstinência de corridas depois da pubalgia. Aquela Lua sorridente iria ser a
minha madrinha na viagem de 10 quilómetros, tal como tem sido ao longo da minha
vida.
São Silvestre recebeu-nos com uma
tarde fria e ventosa onde só o calor humano das 10.000 pessoas ajudava a
sobreviver. Sinceramente não sei como é que a Dulce Félix consegue correr com
aquele top e com aqueles calções neste tempo, pelo menos eu (ainda) tenho uma
camada adiposa para me proteger.
Encontrei-me com o Pedro e com o
resto do Clube de Corrida nas arcadas do antigo Éden, juntamente com dezenas de
outras camisolas em tom azul bancário que por lá pululavam. Depois de um longo
aquecimento privilegiando os gémeos que se andam a queixar cada vez que correm,
lá nos dirigimos para a partida.
Já não estava habituado a estas
partidas em boxes, cada um no seu tempo, todos separados. Mas depois de um
espera enjaulados lá arrancámos. Decidimos ir a um ritmo lento até que todos os
do grupo se juntassem.
Hora de Ponta de São Silvestre
com direito a engarrafamento
Fomos Restauradores e Rossio
abaixo até que com 10.000 alminhas a tentar entrar na Rua do Ouro aconteceu o
inevitável, toda a gente parou de correr e começou a andar... Com direito a
alguns atropelamentos dos que não viram a travagem do da frente.
O troço até ao Cais do Sodré foi
um mini trail no empedrado traiçoeiro de basalto. Cada lomba, que não se vê com
milhares de pessoas, dava direito a 3 ou 4 tralhos... enfim não tralhei e
sobrevivi.
Chegados ao Cais do Sodré vimos o Cristiano na
plateia e lá entre os 4-5 kms o resto do pessoal finalmente apanhou-nos. Virei
os 5 kms aos 31:07 (tempo muito fraquinho) o resto do pessoal arrancou e eu fui
com eles...
(esta foto não é a minha melhor face reconheço. Haviam de me ver quando deitei a língua de fora)
Não, não, não agora a sério,
deixei-os ir porque não tenho andamento para aquilo. Vá quanto muito acelerei
um bocadinho assim um tiquinho...
Aproveitei os quilometros
seguintes para ir apanhando colegas e amigos, falando com eles, trocando umas
piadas, até que na subida da Av. da Liberdade arreganhei os dentes e fui-me a
ela como se não houvesse amanhã (sintam o efeito dramático). A meio da subida
reparei porque é que muitos companheiros de corrida me falavam nesta dificuldade.
Não é que a subida seja muito ingreme, mas nunca mais acaba.
Todavia, no final da subida reconheço uma touca amarela
fluorescente 10 metros à minha frente... ERA O PEDRO!!! Ah, que bando de coxos!
Deixaram-se apanhar por um pubálgico. Mais
um esforço e consegui apanhá-los no Marquês. E liderados pelo Pedro, foi desde
aí que descemos juntos em grande velocidade Avenida abaixo.
Turismo Radical na Av. da Liberdade
Dado que havia um concurso para o melhor tempo no ultimo km, todos os corredores desatavam a correr como uns desalmados entre o Marquês e os Restauradores, tornando a descida numa manada de atletas num frenesim louco. Ainda assim, os turistas estrangeiros tentavam atravessar a Avenida de um lado ao outro sem serem atropelados. Era como se fosse um jogo de computador dos anos oitenta.
Sprint Final
Quando faltavam 200 metros para o final, agarrei na touca
amarela fluorescente, arranquei-a da cabeça do Pedro (sem arrancar nenhum
cabelo) e, em jeito de desafio, sprintei por ali fora. Ele, como bom amigo que
é, quis terminar com o resto do grupo. Mas foi divertido.
Na confusão final perdi-me do Grupo junto às medalhas,
mas ainda deu para ver à distância o Zé Calheiros.
Resultado final 56:40 os últimos 5 kms em 25:33 e o
último km em 4:35, mas o mais importante um sorriso de orelha a orelha no
final. I'm back
"Dado que havia um concurso para o melhor tempo no ultimo km, todos os corredores desatavam a correr como uns desalmados..." Ihihih :) E o concurso para o sprint dos últimos 100 metros?? Fogeee!!!
ResponderEliminarBom regresso às corridas e que o ano de 2015 seja pubalgia-free, os trilhos esperam-te. ;)
Beijinhos
PS: Os desejos de bom 2015 são extensíveis a toda a equipa JRR, claro. :)
Obrigada, Rute! :)
EliminarBom 2015 também para ti!
Obrigado, igualmente para ti. :)
ResponderEliminarEspero que sem lesões para todos.
Beijinhos
Zémi, muito feliz por estares de volta!
ResponderEliminarUm 2015 com boa saúde!!!
Eu gostei muito da SS de Lisboa no ano passado. Este ano não estive lá mas revejo-me em tudo o que escreves.
Agora... Fico à espera do texto da SS da Amadora. Que espectáculo!!! :)
Agora percebo porque é que as São Silvestres são especiais.
Beijinhos!
Foi muito bom! Igualmente, a saúde é o que nos dá a base para aproveitar a vida.
Eliminar"Fico à espera do texto da SS da Amadora"? Não percebo, estiveste lá, é proibido escreveres? :) Ah e espera, deixa consultar as classificações... ficaste em 4º do escalão!!! Parabéns
Sim, mas tenho que escrever um texto sobre a Amadora. A melhor prova de todos os tempos.
Beijinhos