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quinta-feira, 1 de maio de 2014

25 de Abril - A corrida

Esta é a madrugada que eu esperava 
O dia inicial inteiro e limpo 
Onde emergimos da noite e do silêncio 
E livres habitamos a substância do tempo

25 de Abril, Sophia de Mello Breyner Andresen

Esta corrida é uma clássica do calendário português na qual eu iria participar pela primeira vez. Não tem grandes obstáculos nem uma organização profissional mas com um excelente ambiente dos voluntários da organização, dos corredores e das muitas pessoas que  nos apoiam na passagem.

Por motivos pessoais, tinha decidido que só iria à prova se acordasse a horas. Eu sei que pode dar ideia errada de que sou preguiçoso mas não… bom, e se calhar sou, mas… bem, a verdade é que o meu corpo quis, e acordou a tempo de ir para a prova.


Cheguei à tenda da organização, onde reinava uma alegre confusão organizada. Os corredores tomaram conta da organização. À esquerda uma espécie de “fila” para novas inscrições e à direita uma “bicha” para levantamento de dorsais dos já inscritos. Fui pedir para consultar o nº do meu dorsal e levanta-lo, e perguntaram-me “já está inscrito?” - “Já!” – “então tome!” e prontos ficou resolvida toda a parte burocrática da revolução.

Encontrei o Eduardo no exacto local e hora a que marcamos. Sincronização perfeita!

Num canavial perto da partida, enquanto efectuava uma de eliminação um subproduto líquido do corpo, tipicamente estéril (na ausência de doenças), secretada pelos rins, pisei de forma inadvertida com os meus lindos ASICS, algum material restante após a digestão e absorção dos alimentos pelo tubo digestivo dos animais, expelido pela cloaca, normalmente aspecto castanho-parda e pastoso, devido a presença de estercobilina e hidrobilirrubina, no caso particular dos humanos, que se encontrava na terra.

(Sabem os leitores que se identificam psicológicamente como tartarugas que estes animais respiram pela cloaca? Ficam a saber. O saber não ocupa espaço - momento David Attenborough - BBC Vida Selvagem)

Pese embora esta aventura diurética-escatológica, que iria marcar este evento politico-desportivo, dirigimo-nos ao quartel da pontinha para iniciar esta bela prova de atletismo. E no meio da conversa deu-se a partida.

O 1km foi feito a 5:38 para aquecer, mas os vapores e os consequentes odores libertados pelo meu ASICS CUMULUS 13 direito, só me davam vontade de fugir dali. A cada Passos sentia que me apodreciam a alegria do 25 de Abril

E desta forma fomos fazendo uma média ligeiramente abaixo dos 5 minutos por quilometro.

A corrida em si não tem grande história, um belo passeio pelas avenidas de Lisboa. Subimos algumas rampas antes de chegar a Carnide, e  pela primeira vez  não fui abaixo.


Contornamos o Estádio de Alvalade e convidaram-me a ir à casa de banho, vá-se lá saber porquê.

Entrámos no Campo Grande e no primeiro túnel senti o gémeo esquerdo a prender e a doer-me. Mais à frente, paro e faço alguns alongamentos para tentar ver-me livre da dor.  Não consigo, continuo a correr.

Para além da dor do gémeo, em Entrecampos junta-se uma dor de burro que me obriga a acalmar a passada.

Depois do Campo Pequeno, vou-me sentindo melhor e a meio caminho do Saldanha, vou melhorando e começo a correr mais solto.

Na Av. Fontes Pereira de Melo, já a descer o Eduardo pergunta-me. Zé está na altura de fazermos um daqueles arranques.

Alargámos a passada e lá fomos a passar outros atletas até ao Marquês de Pombal. Contornámos a estátua e a Avenida da Liberdade era nossa. Parecíamos crianças a sprintar por ali abaixo. Mas a Avenida é maior do que parece e voltou a dor, mas aguentei até ao final.


Último km feito em 4:12. Adorei!

Para o ano quero fazer a prova outra vez, mas com um Cravo!


25 de Abril Sempre.

PARABÉNS PEDRO! :)


6 comentários:

  1. "estercobilina e hidrobilirrubina"???

    Zé, estás bem?

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  2. E com isto tudo bateste o teu record dos 10kms e arranjaste uma lesão no gémeo.
    Ainda bem que gostaste!

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    1. Bateria se a prova fosse de 10 kms, mas da próxima vez bato. Obrigado. Beijinhos

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  3. Esta é uma prova para se fazer com calma, de preferência de cravo na mão e a cantar canções de intervenção, não é para arranjares nenhuma lesão (juro que não queria fazer nenhum poema rimado nesta frase!).

    Obrigada pela info das tartarugas, nunca mais me vou esquecer.... :)

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    1. Pois e uma lesão que ja me impediu de ir à meia maratona da margem sul e principalmente ao Trail de Sesimbra :|. Enfim já está quase sarada, espero.

      hmmm uma revelação... Lembra-me para se alguma vez te encontrar numa corrida não ficar atrás de ti... :):):)

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