O dia apresentava-se triste, como se não quisesse colaborar
na iniciativa das árvores. Essas, estavam já posicionadas em várias filas logo
a seguir á meta.
Em Monsanto, o verde ocupa lugar de honra, por onde quer que
olhemos. O pouco asfalto dilui-se no arvoredo. Ainda bem que (ainda) existem
espaços como este.
Às 10H já nos encontrávamos no ponto de partida da prova.
Neste passeio tinha o Eduardo R. e o Joel ao meu lado. Pareciam-me um pouco
ensonados. Afinal os “sábados á noite” provocam sempre “febre de sonos tardios”.
O que é certo, é que o tempo, também não ajudava. O céu
estava nublado, ameaçava chover, soprava vento. O verde das árvores estava
esbatido.
Assumi a participação da prova de uma forma demasiado
relaxada. Fizemos pouco aquecimento, gastámos o tempo a olhar para a vista que tínhamos
á nossa disposição. Floresta e rio.
Passado o 1º Km do tiro de partida, começou a viagem pela “Montanha
Russa”.
Nenhum de nós conhecíamos a prova, eu próprio nem tinha
consultado a altimetria da mesma.
A meio da 1º descida, já não via os meus parceiros de
corrida. Embalei ainda mais.
Quando pensei que no final da descida, iria encontrar um
asfalto plano, deparou-se-me uma subida extensa. Assim foi por toda a prova. Quase
não havia extensões planas, cada descida era seguida por uma subida.
Ao 6º Km, já estava com o fôlego em modo “compressor”. Tentei
distrair-me, com as vistas. O muito verde que via, era por vezes intercalado
por estruturas de betão deixadas a descoberto.
O que poderia ser um hotel, um restaurante, uma biblioteca, um
miradouro turístico, era uma estrutura feia, inacabada ou parcialmente destruída.
A economia do betão, tão em voga nos anos 90, tinha chegado a este ponto verde
da cidade.
O final da prova custou e de que maneira!
Associado a umas cólicas (medonhas), a ultima subida para a
meta levava ao extremo o esforço, já de si intenso, tido até então. Aliado a
este panorama, tinha apanhado, no inicio do Km 7º, um corredor com uma caixa torácica
“assopradora”. Cada inspiração, parecia um aspirador rowenta, cada expiração
parecia um jacto de um boeing. Às tantas, quando ficou para trás, fez-me
lembrar a lenda do adamastor, a soprar contras as naus portuguesas.
Ao Km 8.5, a situação era critica. Eu não queria parar, a
subida tentava-me convencer do contrario, o “monstro” perseguia-me, na minha
barriga encontrava-se um abismo negro em
forma de vácuo.
Decide ser teimoso. Notei que a 500 mt á frente, a subida
acabava e pouco mais à frente a meta estava “ á mão de semear”.
Iniciei uma inspiração extensa e longa, que diminuiu a
cólica e aproveitando, comecei a dar passadas mais rápidas. E assim, os últimos
metros foram feitos a acelerar, permitindo uma fotografia “tipo roadrunner” na
meta.
No final ainda deu para trocar umas ideias com colegas de
equipa e para receber o meu pinheiro pronto a plantar.
Mas, para mim, o melhor de tudo foi ter mesmo ao lado, um
WC, porque quando foi para iniciar os alongamentos, o “vácuo intestinal”
transformou-se em “Big Bang” pronto a iniciar uma nova galáxia!
M*rda! - pensei eu. Um pensamento bastante perspicaz.
O melhor prémio foi de facto, ter o WC mesmo ali, senão …….tinha-se
iniciado uma “supernova” nos meus calções!
(desculpem, mas tinha que que pôr uma fotografia das
instalações sanitárias, era o mínimo que podia fazer para agradecer à dita
cuja!)
Mas deixando esta conversa “astronómica” e a caminho de casa
lembrei-me dos pinheiros (sim, os pinheiros, porque fiquei com o do Eduardo).
O que fazer com eles?
Aproveitei a minha situação de “Okupa”, num pedaço de terreno
lá ao pé de casa, onde faço as minhas experiências agrónomas, decidi “firmar destino” ás duas jovens
árvores. Assim, vou cuidando delas e aproveito para vê-las a crescer. Quem sabe,
se participar nos próximos anos nesta prova, não conseguirei plantar um pinhal
lá ao pé de casa. Quem sabe!
Ó "Caneta BIC" vê lá se aprendes a dimensionar as imagens pá!!!
ResponderEliminarExcelente tempo na prova! Ainda assim, para a próxima tens que aproveitar o boost das cólicas! LOL
Boa postadela! Conseguiste fazer-me rir um bocado com a "conversa astronómica"...
Se regares o pinheiro com lixívia não creio que dê grande árvore! LOL
ResponderEliminarBom relato, até fiquei com dor de barriga!
Parabéns pela preserverança e espírito de sacrifício!
Hasta
Ontem chorei a rir com o relato da prova! Isto é que é descrever as sensações que surgem durante a prova!
ResponderEliminarLOL
Sensações.....interiores!
ResponderEliminarEu gostaria de agradecer também o facto de existir um WC mesmo ali, pois tinha sido eu a levar carro para a prova!
ResponderEliminarBoa descrição da prova. A repetir em treino por um dia destes... e quem sabe não replantamos os pinheiros em Monsanto se sobreviverem à lixivia.
eh pá .......a garrafa de lixivia era só para servir de referencia para o tamanho! Vc´s não percebem nada disto!
ResponderEliminarEm Abril, vamos começar a fazer uns treinos para monsanto, para preparação de trail´s e outras andanças TT .