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terça-feira, 18 de junho de 2013

MARGINAL À NOITE - CGD versus BES - um despique em jeito de Festa


A Corrida dos Betos da Linha... Perdão… A Corrida Marginal à Noite tem inicio e fim à frente do Jardim de Oeiras, local onde eu tirei as minhas primeiras fotos como bebé. Sim é verdade, eu nasci, cresci e aprendi a viver em Oeiras, sou um Nativo embora rejeite a alcunha frequentemente dada às pessoas que habitam este concelho. Esta prova era então o meu retorno à terra natal, vinha com uma mistura de saudade, entusiasmo e ansiedade para ver se reencontrava algumas caras familiares, e outras talvez que não quisesse encontrar.

Ah e, muito importante, era a minha estreia com a t-shirt oficial da Caixa Geral de Depósitos, o que me deu direito a grandes cumprimentos de pessoas que eu não conhecia de lado nenhum, mas que iam encontrando com camisola igual. O ambiente entre o pessoal da secção de facto é fabuloso.

Logo à saída da autoestrada, e pese embora nos encontrássemos a 1h30min do inicio da corrida, deparei-me com um movimento anormal de carros, com carros estacionados em locais impensáveis, e pessoas equipadas para correr a percorrer as ruas de Oeiras desde o cemitério, a 2 kms do local de partida. Toda a vila fervilhava de entusiasmo pela corrida. Prometia festa.

Entretanto, já chegado ao jardim de Oeiras, este encontrava-se submergido por betos nativos. Os meus olhos perscrutavam milhares de faces que se encontravam na prova e na sua envolvente, á procura de caras que avivassem sonhos e memórias... mas não, não encontrei ninguém.

Chegado ao pavilhão da ADO e uma vez que o Pedro estava atrasado – o que me assustou porque era primeira vez na vida que ele se atrasou, esteve a ver o jogo Japão Brasil - tive tempo para matar saudades dos tempos em que jogava basket (com 9 anos) e aproveitei para frequentar os balneários, em jeito de alivio emocional e de purificação para prova.

Finalmente o Pedro e a Sofia chegaram, no caso da sempre simpática Sofia, com um grupo de pessoal muito porreiro oriundo do BES, e tal como rapidamente nos organizámos para a corrida, também rapidamente nos perdemos uns dos outros, enfim dentro de num mar de gente não é nada de estranhar.

Perdidos dos outros, eu e o Pedro T. marchamos para o local de partida e lá estacionamos. Não tinhamos objectivos específicos para a corrida portanto era para o divertimento. De repente, a Sofia estava ao nosso lado... e logo atrás de nós, o resto do pessoal da Caixa. Por milagre estávamos todos juntos.

(Foto: André Noronha)

Tínhamos dois grupos de corredores, curiosamente um da Caixa e um do BES, prometia competição saudável e picardias satíricas durante toda a prova.

Como precursor do ambiente de festa tivemos a presença de um corredor acabadinho de sair da praia, a pedir-nos alfinetes de dama para prender o dorsal para poder correr... DE SANDÁLIAS!!! Mas atenção que não eram umas sandálias quaisquer, eram sandálias da Nike. Ainda gostava de saber como lhe correu a prova.

Logo de seguida acendem-se os fogos de artificio, e a Rosa Mota dispara para a partida, mas só conseguimos passar o portal dois minutos depois, tal era a o mar de gente á nossa frente.

Por nós passou um grupo de corredores com óculos com a piscar com luzes, e uma rapariga com uma bandolete a luzir. Estava confirmado o mote da corrida, aquilo era uma corrida para a brincadeira. Virei-me para o Pedro T. e disse-lhe que para o ano tinhamos que vir para a palhaçada, para o ano era para vir vestido de Matrafona (Vestido e maquiagem completa de mulher fácil com sapatos de corrida)!!! Mas reparem que Matrafona que é Matrafona nunca anda sozinha, pelo que os restantes membros do blog que tirem esse sorrisinho da cara, e podem começar a experimentar toilletes que fazemos um primeiro treino por volta do próximo Carnaval... e assim se passou o 1º km.

Mais à frente, chegados ao jardim Paço de Arcos, as festas de Oeiras encontravam-se em ebulição, com um cheiro a sardinhas e a pimentos assados no ar e nós sem jantar. Agora se parece haver algum consenso de que as sardinhas se querem pequenas e gordas, foram debatidas, durante todo o decorrer do 2º km, as diferenças de gosto entre os pimentos verde, vermelhos e amarelos. Tendo sido aventada a hipótese de os verdes se tornarem vermelhos durante o processo de amadurecimento, o que os tornaria deste modo mais doces. Quanto aos amarelos não chegamos a qualquer conclusão. Todavia concluímos que todos dão uma digestão difícil.

Foi mais ou menos no 3º km que se iniciaram os picanços entre o pessoal do GT BES e dos SS CGD, ao vermos um grupo de 4 elementos do BES, nós os da CGD resolvemos ultrapassa-los e dizer que os verdinhos têm que ir atrás. E ainda tivemos tempo de nos meter com o Rui O. um colega da Caixa.

O ritmo de passeio foi acelerando, mas ainda deu tempo para com uma conversa com outro colega Zé G., agora reformado, que finalmente aos 60 anos conseguiu convencer a mulher a correr. Se a primeira corrida que fez pela CGD ficou em último, actualmente já fez 44 maratonas.

Por outro lado, há que fazer a seguinte ressalva sobre a palavra reformado, que pode invocar no leitor alguma falta de capacidade fisica para a prática deste desporto, pelo menos para quem não anda nestas andanças, mas a realidade tem provado precisamente o contrário, e depois de uma longa sessão de pseudo-coaching do Pedro, o Zé G. avisou-nos que quando passasse os 4 kms é que ia começar a correr. Dito e feito, aos 4kms acelerou e nunca mais o vimos.

Nos abastecimentos de água continuo a perder algum tempo, tenho que melhorar a coordenação, mas eu e a Sofia ainda passamos por um sr. que se lembrou de eructar (sim, quer dizer isso mesmo) de forma bastante demorada e ruidosa mesmo à nossa passagem, pelo que lhe desejei bom proveito e segui em frente.

Algures no km 6º foi enunciada a hipótese de um senhor ébrio que se encontrava a gritar impropérios no meio da marginal, ser funcionário de um grande banco de capitais públicos. Mais uma farpa.

E aqui tenho que fazer uma interrupção. Não sei se o leitor já reparou, mas esta crónica pouco ou nada tem a ver com corridas propriamente ditas, não tem detalhes de tempos ao quilometro, não tem desabafos de dores sofridas, ou de esforços sobre-humanos, muito menos sobre a sensação de auto superação, e principalmente não está temperada com qualquer restolho de competitividade. E isto foi porque de facto o espirito desta corrida foi puramente exercicio, amizade e divertimento.

Todavia, aquando do inicio da descida para a recta final, houve-se uma voz de comando a afirmar que no final não queria nenhuma pessoa do BES atrás do pessoal da Caixa. Dado que tinhamos feito uma corrida a uma passada lenta, sentia-me muito bem, e como é habitual nestas situações dá-me uma vontade de sprintar até à meta.

Pouco a pouco fui acelerando, até darem por mim a fugir, e ouvi as passadas do Rodrigo a começar a seguir-me, mas logo a seguir uma voz feminina sobrepôs-se e impôs o espírito de Grupo – “Vamos chegar todos juntos!”

Abrandei a passada, fui-me deixando apanhar e no final chegamos todos juntos, foi bonito, uma onda muito positiva.

Entregámos os chips, perdemo-nos uns dos outros, mas ainda deu para uns passos de kuduro no final.  Engoli de um trago a bebida energética distribuída no final, cumprimentámos os amigos do Pedro e fui-me reunir com o pessoal do BES.

É que nesta altura 8 kms sabem a pouco, e então resolvemos voltar para os carros a correr, só que os carros estavam, como é que eu hei-de dizer... em Algés, a mais de 8 kms.

Havia no grupo pessoas que se estão a preparar para a maratona e eu estou a tentar ganhar endurance, assim recomeçamos a corrida em bom andamento e apanhámos o retorno da grande maioria dos “passeantes” enquanto iamos em sentido contrário.

Tinhamos a Marginal por nossa conta, eramos os reis da linha. Tenho que confessar que sentia uma alegria imensa de uma criança a fazer uma aventura a meio da noite.

Até Caxias, havia luzes de festa, música, porém a partir da Cruz Quebrada,  local onde virava a prova, a música foi-se dissipando, os candeeiros da marginal passaram a iluminar parcamente a nossa pista.

Mas tinhamos com um bom ritmo, no final da Cruz Quebrada tinhamos um importante ponto de decisão, ou subiamos o Alto da Boa Viagem, percurso que seria seguido na prova da Maratona, ou o passeio marítimo, que nos levaria a plano raso até Algés.

Quatro votos a favor de irmos pelo passeio marítimo e um a favor de subirmos o Alto da Boa Viagem, estava decidido... ou talvez não. Quando nos aproximámos da subida o chamamento de superar aquela rampa falou mais alto. Ninguém disse nada, simplesmente corremos por ali acima.

Foi aqui que se deu um primeiro acordar para a realidade, as luzes e os sons da festa tinham ficado lá longe, corriamos no escuro, o vento frio enregelava-me as pernas e as nossas passadas ecoavam no ar. Até que alguém se lembrou de perguntar: “A que horas reabrem a Marginal ao transito?”

Descemos para o Estádio nacional e iniciámos a longa passagem por Algés. Admito, estava cansado e Algés é tão longo, parecia que nunca mais acabava. Mas finalmente acabou.

Resultado Final: 16kms em 1h29minutos

P.S. Como obviamente não conseguia dormir, sentia o corpo cansado mas a mente estava electrica da adrenalina, às duas da manhã resolvi ir lavar a roupa da corrida á mão.


P.P.S. Por último gostava de acrescentar que infelizmente a equipa do BES ficou á frente da da Caixa na competição oficial por equipas, mas nós eramos mais.

2 comentários:

  1. Isto é que é entusiasmo para as corridas! Tás a tomar-lhe o gosto! :)
    Vestido de matrafona? Não me parece! Não deve dar jeito correr de saia! LOL
    Lavar a roupa do corrida(à mão) às 2 da manhã??? Devias ter corrido mais 10 kms para gastar mais energia e ir ao mar dar um mergulho para refrescar :)
    Abraço

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  2. HAaaaaaaaaaaaaaaaa essa do mergulho é bem pensado.

    Eu não perguntei se vocês queriam ir de matrafonas.

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