Meia Maratona dos Descobrimentos - There and Back Again

O título deste post bem podia ser uma alusão o 3º filme do Hobbit, que vai estrear em 2014...

Também podia ser uma referência ao percurso desta prova que tem o "there" no Poço do Bispo e o "back again" em Belém...

Mas também podia ser um "there" como uma referência à primeira 1/2 maratona que fiz, em setembro de 2012, e um "back again" como sendo esta, a minha segunda meia maratona, o meu regresso a esta distância...

O título deste post é "There and Back Again"... simplesmente porque me apetece! Mas também por todas as razões que escrevi. :)

Como dá para ver pelo gráfico abaixo, não se tratou de uma prova propriamente difícil. Sobre o trajeto, sobre o clima e sobre a envolvente já o resto da malta escreveu, por isso vou passar à frente e falar apenas da minha prova.

Parti para esta corrida sem qualquer objetivo estabelecido. Por força do meu desleixo alimentar recente, e por falta de tempo de treino (maioritariamente por questões profissionais) não podia ser de outra forma, e assim decidi à partida que iria apenas completar a prova apenas a desfrutar do prazer de correr.

Sabia que iria partir com o resto da malta, e que rapidamente os iria deixar de ver. Os únicos que ainda ponderei tentar acompanhar foram o meu cunhado e o Zémi. Ambos têm um nível semelhante ao meu, com ligeiras diferenças em termos de ritmo e de gosto (eles adoram subidas, enquanto que a descer ninguém me apanha...), mas nada que me impedisse de os acompanhar. O Zé tinha-me dito que o objetivo dele era simplesmente acabar, mas como na semana antes ele tinha feito um treino de 21K abaixo das 1:55, não foi para mim surpresa quando ele decidiu arrancar por volta do 5º Km. Quanto ao meu cunhado, arrancou antes disso.

Foi a estreia do meu FR610 em provas, e devo dizer que cada vez mais adoro o meu novo brinquedo. Ainda estou a apalpar terreno, mas nesta altura já o configurei totalmente ao meu gosto e não me desiludiu minimamente. Uma das funcionalidades do Garmin Forerunner 610 chama-se Virtual Partner, o que quer dizer que podemos ter um companheiro virtual para nos guiar nos nossos treinos/corridas estipulando um ritmo e controlando quanto tempo e a que distância estamos à frente ou atrás do que devíamos estar a cada momento. Assim, defini que o ritmo seria 5:35. É um ritmo aceitável e que me permitiria completar os 21,1 Km em +/- 1h:58m. Não é que fosse um objetivo declarado baixar das 2h, mas se fosse possível atingi-lo, melhor. Se não fosse possível, era para o lado que dormia melhor... :)

Como dá para perceber, até ao 12º Km, eu e o Garmin portámo-nos bem: ele deu boas indicações, e eu segui-as sem grande problema e mantendo a regularidade desejada. A corrida não podia estar mais controlada do que isto: 

E é então que de repente me deparo com um artista de meias amarelo-florescente a abrandar o ritmo e quase a parar. O drama estava prestes a começar... mas acabou logo ali! ANDA PÁ! NÃO PARES! Gritei eu ao Zémi enquanto o empurrava para que não parasse de correr. Logo ali fiquei com a impressão que o meu timing foi perfeito, e mais tarde o Zé confirmou que estava prestes a parar... o que não chegou a acontecer!

Claro que, ao vê-lo naquele estado deplorável (eheheh), não tive dúvida nenhuma em acompanhá-lo até ao fim. Mas confesso que no primeiro quilómetro depois de ter "forçado" o Zé a continuar ainda pensei que teria sido má ideia. O rapaz estava mesmo atrapalhado, e a dor era bem visível na cara dele. Tive algum receio que fosse qualquer coisa mais chata do que a entorse que ele tinha.

Passaram por nós alguns colegas dos SSCGD que nos perguntaram o que se passava. Aposto que mais tarde ficaram surpreendidos por nós os termos passado novamente. Depois do segundo quilómetro a avaliar a situação, notei no Zé uma vontade enorme em continuar e a vontade de parar tinha ficado para trás. De correr, coxo, ele passou a correr mais ou menos normalmente e aí perguntei: "Atão? Como é que isso está?". A resposta foi: "Está a estabilizar." Aí percebi que íamos acabar a prova.

Mais um quilómetro e o ritmo aumentou. Deixei que fosse o Zé a definir o ritmo, e o aumento foi um bom sinal. Lembro-me de ter olhado para o meu Garmin e de ter feito as contas: "Olha, não sei se queres saber, mas ainda vamos a tempo de fazer menos de duas horas" disse-lhe eu. Foi mais em jeito de motivação do que propriamente para cumprir um objetivo. O neanderthal que há no Zémi veio ao de cima. Ou isso, ou o homem foi espicaçado com um ferro em brasa... Não vejo outras hipóteses para alguém com uma entorse conseguir correr a 5:14!  

Foi uma demonstração de força, de vontade e de capacidade de sofrimento. Eu estava um pouco nas tintas para o tempo, mas achei que já que ele queria retribuir de certa forma o ter ficado com ele até ao fim, ao tentar acabar em menos de 2h, tentei não travar o ímpeto e a verdade é que acabou por ser ele a puxar por mim no final. Fisicamente eu estava bem, mas continuava com algumas dificuldades em respirar em esforço, por causa da constipação. 

Foi um excelente esforço final, mas o mérito vai para o Zé pela forma como conseguiu controlar e vencer a dor. Parabéns pá! Estiveste bem!

Para o ano estarei de volta a esta prova. Foi muito fixe!